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Início Geral "Furei a quarentena ao me apaixonar e peguei Covid-19"

“Furei a quarentena ao me apaixonar e peguei Covid-19”

“Me apaixonei virtualmente em plena pandemia, furei a quarentena e peguei Covid-19”

Sozinha e com a sobrevivência de sua agência de marketing digital ameaçada, a jornalista carioca Camila de Paula, 38 anos, começou a se comunicar com um seguidor do Instagram. As mensagens diretas logo viraram telefonemas demorados, e os dois decidiram furar a quarentena para se conhecer pessoalmente. Os dois não imaginavam, porém, que ele seria infectado pelo novo coronavírus — e ela, por extensão, também

“Desde o início das notícias sobre a Covid-19 no mundo, tive muito medo. Não faço parte daquele grupo que se acha imune só por ser jovem e sem nenhuma outra doença preexistente, já sabia que esse vírus costuma surpreender. Tenho uma amiga casada com um chinês e, no começo do ano, ela sempre me contava como estavam as coisas na China.

Além disso, no fim de janeiro, conheci um inglês em bailes pré-carnavalescos e tive um affair de Carnaval. Ele vinha todo fim de semana me ver e tínhamos preocupação com o contágio dele, pois viajava muito em função do trabalho, visitando até cruzeiros durante a semana. A relação não resistiu à distância e ao fechamento dos aeroportos, foi o caso típico de algo que enfraqueceu, ao invés de se fortalecer diante das dificuldades.

Quando a Covid-19 estourou no Brasil, cancelando as aulas escolares, senti mais medo ainda. Nesse período, preferi deixar meu filho isolado com meus pais no sítio por ele ter comorbidade respiratória. Contudo, me sentia muito só o tempo todo e apreensiva. Somado a isso, minha vida profissional desmoronou, como era de se esperar.

Meus clientes pararam com o atendimento e a medida imediata foi cortar o custo com a minha agência de marketing digital. Foi um efeito dominó, logo na primeira semana: recebia pedidos de suspensão dos serviços e quebras de contrato, tive que dispensar a equipe, fechar escritório, negociar cancelamentos e já lidar com inadimplências.

Em meio a essa apreensão toda de pegar a doença, sabendo que não teria quem me cuidasse, somado à saudade do meu filho, eu estava lidando com o problema financeiro de frente. Conta zerada mesmo, dívidas, uma empresa quebrada, despensa vazia.

Medo, solidão, falta do meu filho. Esse era o cenário. Teve um dia que cheguei a ter uma espécie de pânico durante a noite: uma baita insônia, tremedeira e coração disparando. Dormi e acordei chorando muito.

Foi nessa fase que o Daniel apareceu fazendo exatamente o contrário. Nós nos conhecíamos por redes sociais havia uns dois anos, mas não temos ideia de como fomos parar no perfil um do outro. Ele curtia meus posts de vez em quando, sempre com o maior respeito, nada além disso.

Sempre algo que eu escrevia sobre a vida, sobre política, sobre fé (compartilhamos da mesma espiritualidade). Nunca era aquela curtida como cantada. Eu também gostava da forma como ele se expressava. Era só. Embora me parecesse um homem interessante, eu realmente não pensava nele com segundas intenções.

 

Fonte: Marie Claire | G1

 

 

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