Saiba as diferenças entre a nova tendência, o orgânico e o caipira. Qual das alternativas naturais você prefere?
até na alimentação existe tendência. Atualmente, pessoas do mundo todo buscam voltar às origens da comida e novas alternativas surgem para atender às exigências do mercado. O consumidor quer conhecer o alimento que põe à mesa e saber a procedência das proteínas que come.
Quanto mais natural, melhor. É uma preocupação com a saúde, mas também com o bem estar dos animais.
Para o frango ser considerado orgânico, o produtor precisa se adequar às rígidas normas de manejo. Parte da vida da Dinar Mariani, de nova Veneza (SC), foi dedicada à produção de frango convencional. A proposta de trabalhar com frango orgânico foi abraçada por ela e, posteriormente, pelo marido também, e adaptações foram feitas na estrutura dos aviários.
“Os animais precisam ficar soltos, e temos uma área de terra cercada nas laterais da granja em que eles podem circulam. A maior alteração foi essa, incluir portas para eles saírem do galpão. É uma atividade muito boa. Estamos contentes”, disse.
Na mesma região, o extensionista Valmir Alves Silva visitou um galpão de 1200 metros quadrados com 11.990 aves. Ele explicou que o manejo começa no alojamento dos pintinhos com um dia de vida. “No aviário, temperatura e umidade são controladas por termômetro. O ambiente deve ser pré–aquecido para que as aves manifestem seu comportamento natural.
A alimentação do frango orgânico é constituída por matéria prima cem por cento orgânica fornecida por uma fábrica exclusiva”, ressaltou. Ao longo do ciclo de produção, o espaço no galpão vai sendo liberado de forma gradativa.
“Os animais saem de um local chamado pinteira e devem chegar ao fundo do galpão até os quinze dias de vida. O cercado lateral, ou portinhol, é aberto para a área externa, ou área de pastoreio, onde as aves ficam expostas ao ambiente natural para ciscar e consumir capim”, finalizou.
O extensionista Luis Carlos Bitencourt visitou um dos integrados pioneiros na produção de frango orgânico na região e destacou no mural de gestão da granja o certificado do IBD, um órgão auditor e certificador do frango orgânico de renome internacional que garante qualidade e segurança alimentar.
“Aqui também estão dados da atividade, como licenciamento ambiental. O manejo das aves prioriza o bem estar animal e coibi contaminação direta ou indireta por produtos químicos. Há uma densidade de aves por metro quadrado determinada e um sistema de rodízio em que elas têm trânsito livre entre a área verde e o aviário, acessando alimento e água de qualidade até a idade programada para o abate. É um bom negócio para quem produz e para quem consome a carne, muito boa e de qualidade”, disse.
Em Amparo (SP), um aviário cria o chamado “frango verde”. Como lembrou o médico veterinário Pedro Henrique Mota, frango não é tudo igual. “Assim como o frango orgânico, o verde também recebe ração vegetal exclusiva à base de milho ou soja. A farinha de ossos, por exemplo, não é aceita em nenhum dos dois casos. Mas, além de vegetal, a ração do frango orgânico deve ser orgânica.
Na matéria-prima não podem ter sido utilizados adubo, fertilizante ou transgênicos”, afirmou. Em relação ao manejo, a densidade, ou seja, a quantidade de frangos por metro quadrado nos aviários é reduzida.
Objetos como fardos de palha e pedaços de madeira ajudam a simular poleiros, e cordas de sisal são amarradas nos comedouros para enriquecimento ambiental, aproximando o comportamento do natural.
O aviário visitado por Pedro possui dois selos certificadores reconhecidos internacionalmente.
“O produtor possui a certificação HFAC, que garante o bem estar das aves, e a WQS, que assegura a não utilização de antibióticos ou qualquer outro medicamento durante toda a vida do lote. As matrizes são as mesmas tanto para o frango convencional quanto para o frango verde, mas há um único incubatório localizado em Tatuí (SP) que fornece os filhotes.
Os ovos recebem as vacinas obrigatórias por lei, necessárias para garantir um bom desempenho durante todo o ciclo de produção, porém, no primeiro dia de vida, os pintinhos destinados à linha verde recebem uma vacina de imunidade, já que na ração que consomem não há melhorador de desempenho. A vacinação é preventiva”, explicou.
Ainda de acordo com Pedro, o frango verde tem uma pesagem menor e é abatido mas tardiamente, por volta dos 42 dias de vida. Antes do abate, é feita uma coleta de amostragem do lote para certificação de que o animal não foi medicado com nenhum princípio ativo.
“Os frangos verdes são abatidos no primeiro turno, antes do frango convencional, para não haver risco de contaminação cruzada. Os integrados gostam muito de criar o frango verde e alguns estão até obtendo conversão alimentar melhor que o frango convencional”, finaliza Pedro.
Outro frango alternativo remete às origens da roça. Muita gente costuma dizer que gosta mesmo é do sabor diferenciado do franguinho caipira e das relações afetivas com as raízes do campo.
Criar animais soltos tem tudo a ver com boas práticas alimentares. O frango caipira e o frango convencional são de linhagens diferentes e, se o manejo for correto, ambos oferecem carne de qualidade e livre de contaminações. Em Uberaba (MG), o médico veterinário Cristiano Troncoso visitou uma produção de frango caipira e falou sobre as características específicas das aves.
“São animais que apresentam pescoço pelado, coloração avermelhada e genética de crescimento mais lento, o que proporciona uma carne mais firme e de coloração mais escura”, disse.
De acordo com Cristiano, dentro do galpão de frango caipira são fornecidas ração e água às aves. O alimento também é de origem cem por cento vegetal, sem adição de promotores de crescimento, e a água é clorada e fresca.
“Além disso, contamos com a disponibilidade de ventiladores e nebulizadores para conduzir da melhor forma a ambiência necessária às aves”, explicou. No piquete, onde há árvores e vegetação para fornecer sombra, as aves ficam livres para expressar seu comportamento natural. “Vemos aves correndo o tempo todo, brincando, ciscando e pastando. Consideramos sempre o bem estar animal”, completou.
José Antonio Ribas, diretor de agropecuária da Seara, afirmou que todo frango criado pelos integrados é saudável. “Os ciclos de produção atendem a um rígido protocolo de segurança alimentar. Na região Sul de Santa Catarina temos os produtores de frango orgânico. No Centro–Sul de São Paulo o frango verde.
E no triângulo mineiro o destaque é o frango caipira, um nicho em expansão. Os animais ficam em torno de 70 dias na granja, mais tempo que o frango convencional, e suas características são apreciadas por muitos consumidores em busca de uma experiência diferenciada”, disse.
A nutricionista Fabiana Borrego afirmou que os frangos alternativos mantém todas os nutrientes do frango convencional e um bônus em saudabilidade. “Notamos menor quantidade de gordura, pois são animais que não vivem confinados.
Já o frango orgânico, que se alimenta apenas de vegetais, recebe vacinas preventivas e é livre de antibióticos ou medicamentos tem um benefício extra, pois quando comemos alimentos com grande oferta de antibióticos podemos acabar consumindo uma bactéria super resistente”, alertou.
Fonte: Canal Rural