Coluna: Era Sol que me faltava
Começar a escrita de hoje com uma confissão, eu estou estarrecida e em êxtase com a repercussão da coluna anterior, um agradecimento verdadeiramente especial para quem leu minhas linhas.
Tive a sensação de que textos provocativos e que não ofereçam fórmulas de vidas felizes e maravilhosas, mas que façam refletir sobre a nossa própria, talvez seja o que estejamos precisando para o momento. Dessa forma, decidi continuar neste caminho e trazer uma nova provocação de Nietzsche para a reflexão desta semana. Segue:
“Essa vida, tal como a vives atualmente, tal como a viveste, vai ser necessário que a revivas mais uma vez e inumeráveis vezes; e não haverá nela nada de novo, pelo contrário! a menor dor e o menor prazer e o menor suspiro, o que há de infinitamente grande e infinitamente pequeno em tua vida retornará na mesma ordem […] A eterna ampulheta da vida será invertida sem cessar […] queres isso ainda uma vez e um número incalculável de vezes?” (p. 207)
Que provocação, vocês concordam?
Filosofa Epicteto e assim faço uso que, nossa vida se divide parte naquilo que é inexorável, inadiável e destino, fatos e acontecimentos sobre os quais não temos ação sobre; e parte naquilo que podemos alterar, interferir e determinar a partir das nossas escolhas.
Diferente de todas as outras espécies, nós não nascemos escravizados pela nossa natureza e nos (re)fazemos e (re)construímos ao longo da vida toda.
Dito isto, e então? você aceitaria reviver tua vida tal como a viveste até agora? sem alterar nada, absolutamente nada, nenhuma vivência de dor e sofrimento ou de alegria e riso. Se tua vida não decorre do teu agrado, e te faz pensar que a resposta seria não!
Então faça alguma coisa, coloque teu esforço, vontade de viver, tesão pela vida, com toda força sobre a parte da tua existência em que tu tem ação sobre.
Para que se possa responder Sim! o que é preciso? é preciso que sejamos capazes de amar a vida e a nós mesmos, com todas as nuances que carrega o amor. Inclusive sobre os fatos que são inevitáveis, como sugere Epicteto, amar seu destino, tudo que acontece e não escolhemos e que, por vezes, inclusive nos agride, nos apequena, e pretende nos aniquilar.
É, amar é desafiador, amar a vida mais ainda, afinal, exige que sejamos capazes de escolher aceitar algo que leva a todos nós para a mesma direção, o pó. Dizia Abujamra: “A vida é uma causa perdida” de fato é, sempre a perderemos no final, no entanto, ela vale cada agrura.
O café esfria.
Caloroso cumprimento e até semana que vem!
Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
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