Em meio à pandemia do novo coronavírus, laboratórios e governos de todo o mundo participam da corrida por uma vacina. Dez pesquisas já estão em fase de testes no momento, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), e outras 114 continuam sendo desenvolvidas.
Apesar da divulgação de alguns resultados iniciais promissores, a fase mais extensa dos testes, que exige a observação das pessoas vacinadas por meses, deve ser alcançada apenas no segundo semestre.
Dona de uma das pesquisas mais avançadas, a farmacêutica Moderna, sediada no estado americano de Massachusetts, já declarou que, segundo a estimativa mais otimista , sua vacina estará disponível em janeiro de 2021.
A também americana Novanax anunciou na segunda-feira (25) que começará sua primeira fase de testes em humanos, com 130 pessoas.
O protocolo científico exigido para vacinas comuns foi reduzido diante da urgência da pandemia, que já infectou mais de 5,5 milhões de pessoas e deixou 350 mil mortos no mundo, segundo dados da Universidade Johns Hopkins atualizados até a noite de terça-feira (26).
Confira abaixo os cronogramas divulgados pelas desenvolvedoras mais adiantadas em suas pesquisas e as expectativas de quando a vacina contra a Covid-19 chegará ao mercado.
Moderna (Estados Unidos)
Status: aprovada na fase 1, teste em humanos com 45 pessoas observou criação de anticorpos do vírus em quantidade superior a de quem teve o novo coronavírus em oito deles; recebeu o selo de “aprovação rápida” da agência de saúde dos Estados Unidos.
Próximas etapas: fases 2 e 3 de testes em humanos, aumentando a escala de voluntários submetidos ao protótipo da vacina; depois da fase 3, que deve acontecer em julho, as milhares de pessoas vacinadas devem ficar em observação por alguns meses, para observar possíveis efeitos colaterais e a capacidade de imunização dos anticorpos, ainda controversa.
Expectativa de conclusão: a Moderna espera ter a versão final da vacina de janeiro a junho de 2021.
Novavax (Estados Unidos)
Status: no início dos testes da fase 1 em humanos.
Próximas etapas: a primeira fase de testes da vacina NVX-CoV2373 s, que ocorrerá na Austrália com a participação de 130 voluntários entre 18 e 59 anos, deve ser concluída em julho. Se os resultados forem positivos, a segunda fase incluirá participantes de mais países e com uma abrangência maior de idades. Os resultados dessas etapas irão avaliar a segurança, a resposta imunológica e a eficácia da vacina para reduzir os impactos da Covid-19 no corpo humano.
Expectativa de conclusão: o calendário da Novanax conta apenas com a expectativa de concluir os testes da fase 1 em julho deste ano; datas para a fase 2 e as expectativas para uma fase 3 ainda não foram divulgadas.
Vaxart (Estados Unidos)
Status: desenvolvimento de estudos pré-clínicos, que correspondem aos testes em animais.
Próximas etapas: fases 1, 2 e 3 de testes em humanos. Segundo o cronograma da empresa de biotecnologia dos Estados Unidos, a primeira etapa deve acontecer apenas no segundo semestre de 2020. A Vaxart tem como diferencial o desenvolvimento de vacinas para aplicação via oral, como comprimidos e fórmulas líquidas para crianças.
Expectativa de conclusão: apesar da proposta diferenciada, nenhuma vacina da Vaxart já chegou ao mercado. A empresa não deixou claro qual o seu calendário para o término da pesquisa sobre o novo coronavírus.
Instituto de Biotecnologia de Pequim (China)
Status: no início da segunda fase. A vacina foi aprovada na fase 1, com testes em 108 adultos entre 18 e 60 anos.
Próximas etapas: o instituto chinês, em parceria com a empresa CanSino Biological, irá testar sua vacina em 500 voluntários nesta segunda fase, já iniciada. Os novos testes incluem pessoas acima dos 60 anos, parte do grupo de risco.
Expectativa de conclusão: não divulgada.
Universidade de Oxford (Reino Unido)
Status: aguardando resultados da fase 1.
Próximas etapas: a vacina ChAdOx1 nCoV-19, desenvolvida pela universidade britânica, foi aplicada em abril em 320 dos 1.100 voluntários recrutados; a outra parte recebeu uma vacina contra a meningite com efeitos colaterais semelhantes aos do protótipo contra o novo coronavírus. A ideia é comparar o nível de infecção dos dois grupos.
A expectativa dos pesquisadores é terem o número suficiente de infectados para comparação até junho de 2020. Se os resultados forem positivos, as fases 2 e 3 submeteriam grupos de 5 e 10 mil pessoas, respectivamente, aos testes com a vacina. Mas, de acordo com o jornal britânico The Telegraph, os pesquisadores da instituição se preocupam que, com a baixa taxa atual de contaminação no Reino Unido, não seja possível fazer uma testagem apropriada na fase 3.
Expectativa de conclusão: em entrevista à BBC, o professor de Medicina da universidade, Sir John Bell, afirmou que se as etapas continuarem a dar certo, o governo britânico terá aprovado a vacina no começo de setembro; a Agência Europeia de Medicamentos se mostrou cética quanto a este prazo, já que o desenvolvimento e o licenciamento desse tipo de medicamento leva mais tempo, e, no cenário mais otimista, segundo o órgão, isso aconteceria no prazo de um ano.
Pfizer (Estados Unidos)
Status: fase 1 dos testes em humanos nos Estados Unidos em andamento, depois de testes na Alemanha em parceria com a farmacêutica Biontech SE.
Próximas etapas: após aplicar a vacina em 360 voluntários entre 18 e 55 anos para a primeira etapa, no início de maio, a Pfizer deve ampliar a faixa etária para fase 2, com testes apenas em pessoas entre 65 e 85 anos.
Expectativa de conclusão: de acordo com a Pfizer e a Biontech, se a segurança e a eficácia da vacina forem comprovadas nestes testes, ela poderá estar pronta para ampla distribuição nos Estados Unidos até setembro. Mas a FDA, agência reguladora de alimentos e medicamentos americana, pode exigir estudos mais detalhados para aprovar a imunização da população em geral.
Johnson & Johnson (Estados Unidos)
Status: preparação para o início da fase 1 de testes em humanos
Próximas etapas: a farmacêutica americana declarou que pretende começar os testes com voluntários em setembro de 2020.
Expectativa de conclusão: a companhia informou que espera ter 1 bilhão de doses prontas para uso em janeiro de 2021; apesar do otimismo, seus comunicados não informam detalhes da pesquisa ou seu cronograma de testagem.
Fonte: CNN Brasil