Era para ser o primeiro treinamento fora do 23º Batalhão de Infantaria de Blumenau, mas terminou em tragédia. Os soldados que estavam no caminhão que despencou de uma ribanceira na região Sul da cidade estreariam as atividades externas em mata na manhã desta quarta-feira (16).
Dos 44 militares que estavam no veículo, Alex Carvalho da Cruz, 21 anos, e Diogo Felipe Veiga, 18, morreram na hora. Alexandre da Silva Reginaldo, 19 anos, faleceu mais tarde no hospital. Outros 39 ficaram feridos e três não se machucaram.
O caminhão que transportava os jovens soldados caiu de uma altura de cerca de 20 metros. Na manhã desta quarta, moradores da Rua Belmiro Colzani, no Progresso, ouviram o momento em que o comboio passou pela região.
Animados, os soldados entoavam os gritos de guerra da instituição. De repente, por volta das 8h30min, a cantoria foi substituída por gritos de desespero. O motorista perdeu o controle quando a viatura escorregou na beira da estrada.
O solo molhado pela chuva pode ter contribuído para a ocorrência. O veículo desceu e tombou no alto barranco.
Uma verdadeira força-tarefa se formou. Foram mais de 30 bombeiros militares, comunitários e voluntários, 130 militares do Exército e seis socorristas do Samu, entre eles a equipe do Helicóptero Arcanjo.
O grande desafio foi estabilizar o caminhão para que o veículo não se movimentasse durante o resgate. Guincho, cabos amarrados a árvores e até uma máquina ajudou na missão.
Enquanto as vítimas eram retiradas, familiares correram para as portas dos hospitais e do batalhão em busca de notícias.
Marily Barros, mãe de um soldado de 18 anos, foi até o Hospital Santo Antônio (HSA) ao não conseguir contato com o Exército. Ao descobrir que o filho realmente estava no caminhão, a aflição bateu. Na unidade de saúde, porém, soube que o garoto havia escapado com ferimentos superficiais e pôde conversar com ele.
— Ele estava muito contente, era algo que queria muito. Agora, a primeira coisa que ele falou é que não quer mais servir, que está com medo. Disse que foi tudo muito rápido. Que estavam todos cantando e quando se deram por si já estavam lá embaixo caídos. Muitos gritos, muito choro, muito barulho — contou Marily.
O choque foi tanto entre os jovens soldados e as famílias que o Hospital Santo Antônio informou ter oferecido atendimento psicológico aos envolvidos. A maioria, apesar do trauma, teve ferimentos leves. No entanto, ao menos seis foram levados pelos socorristas em situação mais delicada. Destes, dois estavam em UTIs na noite de quarta-feira. Dos 39 feridos, 27 foram para o HSA e 12 para o Hospital Santa Isabel.
O último sobrevivente foi resgatado às 13h, de acordo com os bombeiros, quase cinco horas depois do ocorrido. Ele ficou preso sob o pneu do veículo e um trabalho complexo foi necessário para retirá-lo do local. Mais tarde foi identificado como Alexandre da Silva Reginaldo, que também não resisiu aos ferimentos e morreu.
Acampamento
Marily conta que o filho estava animado para a atividade externa, a primeira do grupo no Campo de Instrução do Batalhão. Nesta área ocorrem treinamentos e acampamentos de formação, que costumam durar cerca de uma semana. A região é montanhosa e existem vários pontos de barranco alto.
Despedida
Tanto Alex quanto Diogo eram moradores de Indaial. Pelas redes sociais, instituições, amigos e familiares lamentaram as perdas. O velório de ambos será no Ginásio Sérgio Luiz Petters, no Centro, com início previsto para as 2h de quinta-feira (17) até as 15h. Depois seguirão para o sepultamento no Cemitério Municipal. A prefeitura de Indaial decretou luto oficial nesta quarta-feira de três dias.
Ainda não há informações sobre o velório de Alexandre.
Fonte: NSC