A invasão da Rússia na Ucrânia completa um mês nesta quarta-feira (23) e já provoca impactos em todo o mundo, inclusive em Santa Catarina. Os efeitos diretos no Estado vão desde a dificuldade de importação de fertilizantes que afetam a produção agrícola de SC até o aumento do valor dos combustíveis por conta da alta do petróleo no mercado internacional.
Uma das preocupações de especialistas é de que a crise se estenda, elevando ainda mais o preço de alimentos, gasolina e demais produtos. Até o momento, cinco rodadas de negociações foram feitas entre Rússia e Ucrânia, mas sem nenhum acordo de paz.
Na terça-feira (22), o presidente ucraniano Volodimir Zelenski disse estar disposto a discutir a questão da península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e das áreas separatistas pró-Rússia na região leste de Donbass, embora tenha insistido que acredita que elas deveriam ser devolvidas à Ucrânia.
Impacto nos combustíveis
Provavelmente o impacto mais expressivo da guerra sentido pelos catarinenses até o momento foi a disparada no preço dos combustíveis. A Rússia é um importante fornecedor de petróleo para o mundo todo, e as sanções ao país provocaram uma disparada da commodity no mercado internacional, com o receio de que fique escassa.
No dia 10, após dois meses sem aumentos, a Petrobras anunciou um reajuste no preço dos combustíveis para acompanhar as altas do petróleo no Exterior. O preço médio da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. Para o diesel, o aumento foi ainda maior, de 24,9%. O valor subiu quase R$ 1 por litro, de R$ 3,61 para R$ 4,51.
Conforme a pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo, feita entre os dias 13 e 19 de março, o preço do litro da gasolina comum em SC já chega a R$ 7,49. Na semana Palhoça, na Grande Florianópolis, tinha o litro mais caro, e Tubarão, no Sul do Estado, o mais barato.
Fertilizantes e alimentos
Apesar de Santa Catarina não ter grandes negócios com esses dois países, a importação de fertilizantes da Rússia, que correspondeu a 12,8% do total importado pelo Estado no ano passado, preocupa os produtores caso a guerra se estenda ainda mais. A produção de grãos, como milho e soja, pode ser fortemente afetada, impactando, inclusive, na produção de carnes.
Conforme o analista de socioeconomia da Epagri/Cepa, Rogério Goulart Junior, a maçã pode ser o alimento mais afetado diretamente. Os russos foram responsáveis por 24,5% das receitas geradas pela exportação de maçã fresca de Santa Catarina em 2021, e a Rússia é atualmente o principal destino da maçã catarinense. Com isso, os produtores no estado podem ter perdas significativas.
Fonte: NSC