A Polícia Civil instaurou um inquérito para investigar a realização de um evento em Gaspar, no Vale do Itajaí, com aglomeração de pessoas e até show. As autoridades ficaram sabendo do evento após um vídeo circular nas redes sociais. As imagens mostram o governador Carlos Moisés (PSL) sem máscara conversando com outras pessoas que usam de forma incorreta o item de segurança durante a festa na noite de sábado (6).
“Pessoal do hotel já foi ouvido, foi solicitado imagens do evento e na terça-feira será oitiva do pessoal da Defesa Civil que esteve nesta segunda no local”, explica a delegada Rosi Barbosa Serafim.
Nesta segunda-feira (8) o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) instaurou um procedimento e recomendava a instauração do inquérito pela Polícia Civil. Na tarde desta segunda a requisição do MPSC ainda não tinha chegado até a delegada que investiga o caso, mas o inquérito já tinha sido aberto.
“Assim que chegar a requisição do MPSC, será juntada ao inquérito. O prazo é de 30 dias para instrução do procedimento”, disse a delegada.
O procedimento do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) foi aberto pela 1ª Promotoria de Gaspar nesta segunda (8) para verificar se houve descumprimento ao decreto estadual que proíbe eventos, shows, espetáculos e reunião de pessoas em Santa Catarina pelo menos até julho na realização do “suposto evento”, diz o MPSC.
O cantor que aparece no palco no mesmo vídeo que mostra o governador é Rick, da dupla Rick e Renner. Segundo a assessoria do cantor, ele estava hospedado no local e subiu no palco rapidamente para uma pequena participação, sem cobrar por isso.
Em nota, o hotel informou que segue todas as normas sanitárias e que a apresentação musical “não sugere festa ou aglomeração”.
Prefeitura notificou hotel
Também nesta segunda-feira (8) a prefeitura de Gaspar notificou o hotel onde ocorreu para instruir o estabelecimento sobre as medidas estabelecidas em decreto, a fim de evitar que eventos como o de sábado se repitam no local.
A Polícia Militar não recebeu no sábado denúncias sobre a realização do evento, mas nesta segunda fez uma fiscalização no hotel junto com a Prefeitura. No momento não foram encontradas irregularidades, mas a notificação foi emitida mesmo assim, considerando as imagens divulgadas do evento que mostram aglomeração e show.
Pelas regras da portaria número 244/2020, no estado os hotéis devem fechar as áreas de convivência e oferecer alimentação apenas via serviço de quarto. Os estabelecimentos só podem ter até 50% da lotação máxima. O decreto de calamidade pública estadual também proíbe que shows que resultem em reunião de público.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e especialistas, aglomerações facilitam a propagação do novo coronavírus. Para conter a disseminação do vírus, a recomendação é o isolamento social.
O estado tem 11.565 casos confirmados de coronavírus, com 171 mortes, conforme divulgado em boletim do governo do estado no final da noite de domingo (7). Gaspar tem 56 pacientes da doença.
Outro lado
A assessoria de comunicação do governo afirmou em nota que o governador realmente esteve hospedado em um hotel em Gaspar no fim de semana. Segundo a assessoria, no momento em que Moisés jantava, um hóspede que fazia uma apresentação musical mencionou a presença dele, que passou a ser procurado por outras pessoas em sua mesa e, por cortesia, interrompeu por um momento a refeição e conversou brevemente com algumas delas.
Na declaração, o governo disse que todas as normas de segurança foram observadas pelo governador, assim como pelo estabelecimento em que ele se hospedou, que respeitou a limitação na ocupação máxima em razão da pandemia.
Decoração junina
O hotel informou que estava com 120 hóspedes na casa, o que equivale a menos de 30% de ocupação, e que todas as normas estavam sendo cumpridas. Segundo eles, a decoração é porque o hotel é temático.
Segundo a Polícia Militar, além dessa notificação ao hotel, na cidade já foram emitidas outras tanto pela PM quanto pela prefeitura por descumprimento a normas de segurança para evitar a propagação do novo coronavírus.
“A notificação serve para informar todas as ações previstas nos decretos de controle à Covid-19 e as medidas necessárias para funcionamento, bem como estabelece que o descumprimento poderá acarretar sanções legais”, explica o major Pedro Machado.
Só a PM realizou 590 fiscalizações e lavrou 80 notificações desde março, início do decreto de emergência em Santa Catarina por causa da Covid-19.
Fonte: G1