A educação foi um setores mais atingidos pela pandemia do coronavírus. Logo no início da quarentena, as escolas tiveram de ser fechadas, fazendo surgir um novo cenário para alunos, pais e professores.
A presidente do Sindicato Intermunicipal dos Estabelecimentos de Educação Infantil do Estado do Rio Grande do Sul (Sindicreches-RS), Carina Becker Köche, afirma que a entidade manifesta apoio a reabertura das atividades, desde que seguindo de forma rígida todos os protocolos sanitários. “As escolas de Educação Infantil contam com o retorno das atividades no dia 1° de julho, para a possível retomada de normalização de receita das instituições. É uma atividade essencial para o retorno da economia e nova prorrogação poderá significar também a falência de escolas e a demissão em massa de colaboradores”, alerta.
Para Carina, as instituições de Educação Infantil privadas do Estado já possuem condições para se organizar com as medidas necessárias para a segurança de crianças, pais e colaboradores.
Sobre um possível movimento de alguns pais, que mesmo após a liberação das aulas presenciais, optarem por não mandar os filhos para as creches por não se sentirem seguros, a presidente considera que isso seja esperado e normal. “Mas acreditamos que, no momento em que as escolas reabrirem e os pais visualizarem as ações e protocolos de prevenção, ficarão mais seguros”, relata.
Escolas se adaptam à nova realidade com ações criativas
A educação infantil tem sido um desafio para as instituições de ensino, pais e as próprias crianças. Para Sandra Wiebbelling, diretora da Escola Universo Mágico, de Porto Alegre, o fator mais importante no possível retorno é o acolhimento de todo o público envolvido.
“Temos certeza que este não será um retorno comum como quando voltam de férias, por exemplo. Será com muito mais regras, restrições, cuidados redobrados e por isso, entendo que o acolhimento seja essencial para as gestões das escolas pensarem. Pois a maneira como isso vai acontecer fará uma grande diferença no nosso cotidiano depois”, explica.
A escola tem feito uma série de ações para se adaptar a este novo momento e mais do que isso, manter o vínculo com os alunos. “Para nós é um desafio, pois na educação infantil trabalhamos muito com a interação e como interagir à distância?”, questiona.
Por meio de um aplicativo, já utilizado como agenda na escola, pais e professores continuam mantendo contato. “Diariamente através da plataforma, as professoras colocam recadinhos, disponibilizam vídeos para que a família pode assistir com a criança. Como também temos uma preocupação com a exposição às telas, os vídeos são curtos, mas sempre com uma contação de história, brincadeiras com música que faziam parte do cotidiano deles na escola, alguns com fotos deles nos nossos espaços, para eles revisitar”, explica Sandra.
Desde maio, a escola promove encontros virtuais semanais entre alunos, pais e professores, com o intuito de promover um reencontro, mesmo que à distância. Também são feitas reuniões individuais com as famílias, para discutir demandas, entender como está a rotina e a partir destes relatos, pensar em propostas de ações.
“Acreditamos que essa conversa individual é muito rica, pois já que neste momento não conseguimos ouvir as crianças e o nosso fazer pedagógico se baseia muito na escuta da criança, então precisamos muito ouvir as famílias para entender como está a rotina neste momento e poder pensar nessas propostas que vão para a casa”, relata a diretora.
Também acontece, de forma virtual, um bate papo com psicólogas, para que as famílias possam entender como estão as crianças neste momento.
“Falamos tanto na mudança de rotina, em que as famílias estão com uma demanda enorme em casa, tendo que dar conta do seu trabalho, tarefas domésticas e o cuidado com os filhos, mas às vezes esquecemos de pensar como está a cabecinha da criança, o que ela está sentindo”, explica Sandra.
Comemorações também mudaram
As datas comemorativas também ganharam um significado diferente, diante do isolamento social. A Páscoa e o Dia das Mães, por exemplo, tiveram de ser comemorados de uma forma diferente pelos alunos.
“O coelho, ao invés de visitar a escola, foi até a casa dos alunos levando uma lembrança e uma carta escrita para cada um, pela sua professora. Já no Dia das Mães, nossa equipe enviou vasos, flores e pincéis, para que cada criança pudesse pintá-lo com a sua mãe”, conta a diretora. “Dessa forma, acreditamos que criamos memórias afetivas nestes momentos especiais compartilhados com a família, trazendo um pouco do lúdico. Essas ações são para que, além dos vídeos, possamos estar mais perto dessas crianças e de suas famílias”, declara.
Na última semana, os alunos receberam a chamada “sacola mágica”, com conteúdo personalizado por cada professora, dependendo do nível da escolaridade. “Para uma das crianças enviamos as pedrinhas do nosso pátio, que é um espaço que eles gostam muito. Tivemos um relato de uma mãe que contou que a criança pediu para colocar as pedrinhas no chão para que pudesse senti-las com seus pés.
Então acredito que atingimos o nosso objetivo, que era levar um pouco da escola para casa de cada um deles. Nesta ocasião, as famílias foram até a escola buscar suas sacolas, tomando todas as medidas de higiene e segurança. Este momento foi muito importante para as crianças e também para a equipe docente, pois foi um reencontro com as crianças”, relata Sandra.
Fonte: Correio do Povo