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Número de casos de Covid-19 aumenta 200% em crianças e adolescentes em SC em julho, diz pesquisa

Estudo do Núcleo de Estudos de Economia Catarinense (Necat) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apontou que o número de novos casos de coronavírus no estado cresceu mais de 200% entre crianças e adolescentes no mês de julho no estado. O boletim, publicado nesta segunda-feira (3), trouxe a informação de que o aumento no mês passado foi maior nas faixas etárias entre 0 e 19 anos e também na dos idosos entre 60 e 79 anos.

O coordenador do Necat, professor Lauro Mattei, destacou que a velocidade atual do contágio do vírus na faixa de idade de crianças e adolescentes não existia nos meses anteriores.

Dados de todas as faixas etárias

A pesquisa comparou os registros de casos nos boletins do governo do estado entre 2 e 30 de julho. Os maiores aumentos foram nas seguintes faixas etárias:

  • 70 a 79 anos – crescimento de 210%
  • 60 a 69 anos – aumento de 207%
  • 0 a 9 anos – aumento de 206%
  • 10 a 19 – aumento de 204%
  • 90 anos ou mais – 194%
  • 80 a 89 anos – 184%
  • 50 a 59 anos – crescimento de 184%
  • 20 a 29 anos – aumento de 179%
  • 40 a 49 anos – aumento de 178%
  • 30 a 39 anos – crescimento de 17%

Número de casos de Covid-19 por faixa etária - comparação entre 2 de julho e 30 de julho — Foto: Reprodução/Necat
Número de casos de Covid-19 por faixa etária – comparação entre 2 de julho e 30 de julho — Foto: Reprodução/Necat

Crianças e jovens

Em números absolutos, o crescimento no número de casos na faixa de 0 a 9 anos foi de 735 em 2 de julho para 2.250 em 30 de julho. No grupo entre 10 e 19 anos, o salto foi de 1.362 casos em 2 julho para 4.145.

Na comparação com 1º de junho e 1º de maio, a faixa de 0 a 9 anos tinha 240 e 23 casos, respectivamente. Já a de 10 a 19 anos, 402 e 36, respectivamente.

“A doença está se espalhando por todas áreas. A epidemia está instalada em Santa Catarina e as crianças convivem com os adultos”, disse o professor. “Esse cenário de contaminação das crianças contradiz o que se dizia no começo, que eram mais os idosos os mais vulneráveis. O vírus não está escolhendo mais ninguém, a contaminação está tendo uma aceleração em todas as faixas etárias”, completou Mattei.

Julho com destaque negativo

Para o professor, um dos destaques negativos de julho no estado foi o aumento da média de casos por dia. “Por isso Santa Catarina está um pouco no destaque nacional, está num ritmo acelerado de contaminação. O mês de julho foi o diferencial”, disse. “Até final de junho, Santa Catarina não aparecia em destaque nacional. Na segunda quinzena de julho, esse número diário de novos casos explodiu em Santa Catarina”, completou o professor.

Mattei não faz previsões para o futuro da situação da doença no estado. “Impossível saber até quando vai isso. Nós estamos completando cinco meses desse cenário. Nesses cinco meses, no quinto mês a coisa explodiu. As medidas de controle de doença não têm sido suficiente”, afirmou ele.

De acordo com o boletim mais recente do governo do estado, divulgado na noite de segunda, Santa Catarina tem 88.889 mil casos confirmados de coronavírus, com 1.196 mortes. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) na rede pública do estado é de 82,1%.

Santa Catarina passou de mil mortes por Covid-19 em 29 de julho, pouco mais de quatro meses após o primeiro óbito pela doença. Os idosos são 75% dos que mais morrem, mas a coronavírus já matou catarinenses de todas as idades, principalmente homens, que representam 60% das 1.002 vítimas.

Alerta para governo do estado

No final de julho, pesquisadores da UFSC da área da saúde pública enviaram uma carta aberta ao governador do estado, Carlos Moisés, sobre o combate à Covid-19. No documento, eles avaliam as ações do governo estadual e oferecem caminhos.

Os professores defendem ações como ampliar a testagem, repensar a regionalização da gestão de saúde, reconstruir o grupo de enfrentamento à pandemia, entre outras estratégias. No documento, os especialistas também acrescentaram uma contribuição para se pensar em um plano de contingências caso haja a necessidade de adoção de lockdown. Além disso, os pesquisadores se colocaram à disposição para ajudar em análises, discussões e planejamento de políticas de combate à doença.

Fonte: G1

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