Coluna: Economia às Avessas
No último dia 13/05/2020 chegamos a um novo recorde no mercado cambial, pois bem, o U$ (dólar) comercial fechou o dia ao equivalente a R$ 5,90. Por incrível que pareça, no uso da minha racionalidade e capacidade cognitiva, por um lapso temporal tenho que concordar com as frases que intitulam a coluna Economia às Avessas de hoje.
A primeira frase declarada pelo então Deputado Federal por São Paulo Eduardo Bolsonaro em 2016 em seu Twitter fazia referência que com o fim do Governo Dilma Roussef a moeda américa iria se desvalorizar. Em abril de 2016 o dólar américano equivalia a R$ 3,44. Um ditado popular diz que “A língua é o chicote da ….”, aquilo que nos parecia impensado ocorreu, ou seja, uma gestão mais desastrosa em termos econômicos do que o segundo mandato da ex-presidenta Dilma.
Com o dólar beirando a casa dos R$ 6,00, mostra que a família Bolsonaro não consegue nem mesmo alcançar os resultados os quais os alavancaram ao poder. Como se diz aqui pelos lados da Campina do Gregório, “Falar é fácil, quero ver fazer melhor”.
Recentemente, no início de março de 2020, o senhor Paulo Guedes Super Ministro da Economia declara a segunda frase de nosso título “SE FIZER MUITA BESTEIRA, DÓLAR PODE IR A R$ 5”, como em uma previsão autodestruitiva o dólar dois meses depois bate os R$ 5,90. Antes que o leitor me confronte quanto aos efeitos do COVID-19, me adianto afirmando que a crise pandêmica interfere sim nas oscilações e consequentemente na desvalorização do Real.
Contudo, não é só isso, a sensibilidade dos mercados e a segurança econômica de um país perpassa um conjunto complexo de determinantes.
Nos cabe lembrar que, já passamos por inúmeras crises econômicas, das mais diversas naturezas, e, jamais havíamos chegado em tais patamares. A resposta também é sim, quanto a responsabilidade do senhor Paulo Guedes neste recorde histórico da desvalorização do Real frente ao Dólar.
Isto porque, cabe a ele, na função de Ministro da Economia tomar as medidas necessárias de controle e estabilização. Está claro sua eficiência em “fazer muita besteira”.
O “dólar é trigo e o trigo é pão”, com o dólar neste patamar já estamos sentindo no bolso a alta dos preços, especialmente os itens de alimentação. Apesar de estarmos em situação de deflação, ocorrido dado ao conjunto de bens que compõem a metodologia do indicador, iremos, ou já estamos pagando mais pelo preço do pão nas padarias e nos supermercados.
Com o dólar nas alturas, os nossos produtos de exportação ficam mais competitivos no exterior, e, esta pode ser uma das poucas externalidades positivas deste cenário. Contudo, mais uma vez, alerto o nosso leitor que, não atravessamos um bom momento nos últimos anos da balança comercial, e vamos precisar de mais quantidades de reais para comprar no exterior.
Vendemos cada vez mais commodities e compramos cada vez mais bens dotados de tecnologia. Em síntese, os preços dos produtos finais e dos insumos importados nos exigirão maiores quantidades de nossa, atualmente em baixa, moeda.
Juliano Luiz Fossá
Doutorando em Administração na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais (UNOCHAPECÓ), Pós-Graduado Lato Sensu em Gestão Universitária (UNIVALI) / Pós-Graduado Lato Sensu Gestão Empresarial (UNOCHAPECÓ), Bacharel em Ciências Econômicas (UNOCHAPECÓ).