Um dia após a enxurrada que atingiu o bairro Lagoa da Conceição, em Florianópolis, moradores começam a contabilizar os prejuízos nesta terça-feira (26). Segundo a Defesa Civil estadual, o rompimento de uma lagoa de tratamento de esgoto administrada pela Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) deixou 35 residências danificadas e atingiu 66 pessoas diretamente.
Além de estimar as perdas, funcionários da prefeitura fazem um levantamento da situação estrutural das casas e monitoram as encostas próximas. Segundo o gerente de Operação e Assistência na Defesa Civil do município, Alexandre Vieira, algumas residências foram completamente destruídas. (Veja mais fotos abaixo)
José Ramiro, morador do bairro há 30 anos, foi um dos atingidos. O serralheiro acordou com o barulho da água e precisou se abrigar no topo de uma copa de árvore para não ser levado junto com a água. Enquanto esperava o resgate, viu a casa ficar submersa.
Nesta manhã de terça, José aguardava a chegada de profissionais da Casan que irá analisar as condições do local e espera que o ressarcimento dos danos seja rápido. No quintal do terreno, ainda há poças d’água.
Segundo a Casan, há uma equipe com assistente social e psicólogo da empresa para prestar o atendimento aos moradores, reunir informações para fazer levantamento dos estragos.
A empresa, no entanto, ainda não esclareceu como será feita a restituição dos danos materiais causados pela ruptura da estrutura.
A inundação atingiu principalmente a Servidão Manoel Luiz Duarte, onde mora José. A via fica abaixo da lagoa que extravasou e seguiu para a Avenida das Rendeiras, uma das principais vias da região.
Em nota, a Casan informou que disponibilizou um telefone para que as famílias que deixaram o local entrem em contato. O número é (48) 98425-2743.
Investigação
Após a enxurrada, a Polícia Civil de Santa Catarina afirmou que investigar o rompimento da lagoa. O inquérito foi instaurado pela Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic).
Segundo Luis Felipe Del Solar Fuentes, diretor da Deic, a polícia espera concluir o inquérito em até 30 dias. Uma equipe de peritos também foi ao local e laudos serão produzidos para ajudar a entender se houve a instalação de algum trabalho ou serviço que não poderia ser feito no local.
Na segunda-feira (25), a Casan foi questionada pelo G1 SC se já havia sido procurada por moradores do bairro sobre a grande quantidade de água que escorria da lagoa nos últimos dias. O órgão não respondeu e disse que líquido que escorreu é “efluente tratado e água da chuva, e não esgoto”.
O Ministério Público Federal (MPF) também instaurou inquérito civil para averiguar se “houve desleixo com a manutenção do sistema e com o plano de risco, bem como identificar responsabilidades e formas de reparação à sociedade e ao meio ambiente”. O órgão busca, com isso, apurar as responsabilidades pelo rompimento da lagoa da Estação de Tratamento de Esgoto.
O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) informou que analisa o cumprimento do plano de contingência, uma das condicionantes exigidas pelo IMA durante o processo de licenciamento ambiental, e os impactos ambientais causados em função do rompimento da lagoa.
De acordo com o instituto o plano previa, entre outros, acidentes como rompimento e estabelecia as medidas corretivas que deveriam ser tomadas nestes casos. O IMA verifica agora quais destas providências foram atendidas.
Fotos
Fonte: G1