Coluna | Inquietações
Numa dessas conversas a beira da churrasqueira, ouvindo um grande amigo, entramos numa ciranda espinhosa.
“A arte da habilidade social está baseada no equilíbrio entre ideologia, realidade e estupidez”, disse ele. Fiquei pensativo.
Conjecturando, a ideologia dita a sua utopia de vida social e coletiva, por definição inalcançável. Enquanto a realidade simplesmente se impõe e se auto define! A vida como ela é…
No cabo de força entre ideal e real, é que a estupidez emerge!
A estupidez é a crença firme de que você pode aplicar sua ideologia sem consequência, sem confrontos, sem discussões e sem oposição. A crença básica de que seu conjunto de soluções funcionará simplesmente por causa de sua convicção, de sua “mente iluminada”.
Não precisamos ir muito longe para vermos esse festival. Políticos demagogos, os ditos “salvadores da pátria” adoram aparecer com esse discurso populista, tanto de um lado quanto de outro…
Para todo o resto que não se encaixa no seu mundinho perfeito, o extremismo virou sinônimo de não conformidade. Os “infiéis” são demonizados. Tudo em nome da governança ideológica. Só não esqueçam que mesmo no Paraíso, também houve dissidências…
Tentamos resumir tudo ao embate de ideias e “brainstorming” do campo ideológico, esquecendo a realidade e duvidando de nossa capacidade sem precedentes de sermos estúpidos…
A assunção dessa verdade trivial é dolorosa, mas muito importante para a dialética da evolução dos pensamentos e possíveis soluções.
Sua capacidade de equilibrar ideologia, realidade percebida e a própria estupidez, ditará sua habilidade social…
Controlemos, pois, nossa estupidez! Ninguém é tão iluminado assim…
Guilherme Menegon Giesel
Gaúcho, Chapecoense por escolha, cientista inacabado e um entusiasmado por empreendedorismo.