O superintendente médico do Hospital Moinhos de Vento, o maior da rede privada de Porto Alegre, afirmou que a unidade vive um cenário de guerra no combate à pandemia. A declaração de Luiz Antônio Nasi foi feita durante entrevista ao Jornal GloboNews Edição das 10, na manhã desta terça-feira (2).
“É um campo de guerra. Todo mundo sendo mobilizado no hospital, médicos, anestesistas, enfermeiros de todas as áreas. Nós estamos, realmente, com uma situação calamitosa”, afirmou.
“O aumento [de internações] foi muito abrupto. Não existe sistema que dê conta. É surpreendente pela forma como avança de forma mais veloz e forte. É repentino, inesperado. Não tem nenhuma previsibilidade”, afirma Bruno Naundorf, diretor do Departamento de Auditoria do SUS e membro do Comitê de Crise da Secretaria Estadual da Saúde
Os problemas no Moinhos de Vento não são apenas no cuidado de pacientes em atendimento. De acordo com o superintendente, a unidade precisou ampliar a estrutura para alocar os mortos.
A partir desta terça (2), a instituição instalou, provisoriamente, um contêiner refrigerado anexo ao hospital. “Será utilizado somente em caso de real necessidade, considerando a possibilidade de atrasos na retirada dos óbitos por parte das funerárias, realidade essa percebida em outras cidades do Brasil e do mundo”, informou o Moinhos. A estrutura atual comporta até três corpos e está adequada às normas, condições de normalidade e porte do Hospital Moinhos de Vento.
Avaliação do superintendente
Segundo Nasi, o hospital já atendeu mais de 7 mil pessoas com coronavírus ao longo do último ano. Atualmente, a maioria dos pacientes internados é composta por jovens.
Na avaliação do superintendente médico, a circulação da variante brasileira do coronavírus é a principal hipótese para o agravamento da pandemia no RS. Luiz Antônio Nasi sugere que o trânsito de pessoas e de pacientes com Covid-19 entre os estados ajudou na disseminação do vírus.
“Talvez as medidas sanitárias necessárias sejam, neste momento, de restringir ao máximo as fronteiras [divisas entre os estados] para que a gente possa controlar a disseminação no Brasil”, disse o médico.
Nasi reforça que, em razão das mutações da nova variante, o vírus em circulação é diferente do que era disseminado no início da pandemia.
Bandeira preta
O especialista comentou ainda sobre a eficácia das medidas adotadas durante a vigência da bandeira preta no Rio Grande do Sul. A classificação do governo do estado é a mais grave, representando risco altíssimo de disseminação do vírus.
“Nós achávamos que estávamos no fim da epidemia. E essa doença não é sazonal, ela é comportamental. No momento em que nós temos a liberação da população para as atividades usuais, imediatamente, duas semanas depois, o sistema de saúde colapsa de novo”, observou.
Luiz Antônio Nasi cobrou um “mutirão” da sociedade para seguir os protocolos de segurança.
Vacinação
Nesta terça, o Rio Grande do Sul alcançou a marca de 483.152 pessoas vacinadas, sendo que 111.523 já receberam a segunda dose. Para o superintendente do Moinhos de Vento, o número ainda é baixo.
“É a única arma efetiva que nós temos. Se não, nós passamos o tempo inteiro atuando de forma reativa e não de uma forma que permita que nós possamos nos adiantar no atendimento desta situação”, comentou Nasi.
O estado totalizou, na segunda (1), 12.470 mortes por coronavírus e 643.672 casos positivos da doença.
Fonte: G1