As compras por impulso podem trazer sérios prejuízos ao orçamento e à vida financeira de uma forma geral. O consumo exagerado faz com que algumas pessoas deixem de lado a questão de ter ou não capacidade de pagamento para aquilo que adquiriram. Você está conseguindo pagar a conta do cartão de crédito ou precisa parcelar? Consegue passar o mês sem ficar com o saldo negativo no banco? As respostas para estas questões podem ser um sinal de que é preciso refletir antes de fazer a próxima compra.
De acordo com a professora de Comportamento do Consumidor da ESPM Porto Alegre, Liliane Rohde, existem “gatilhos mentais” que nos levam às compras exageradas. “São os estímulos que o mercado, os sites de vendas e as próprias lojas fazem. Alguns dos mais comuns são a escassez: ‘vai acabar’, ‘é a última oferta’, ‘está em falta’, ‘tem só duas horas para aproveitar’. Outro exemplo é a utilização do fator de estarmos levando alguma vantagem: estou comprando por um preço melhor ou menor, portanto fazendo um grande negócio, Esse são alguns dos gatilhos que nos levam a comprar por impulso, sem pensar”, explica a docente.
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Outro fator importante a ser considerado na hora das compras, é saber diferenciar as necessidades e os desejos. De acordo com a professora da Escola de Negócios da PUC-RS, Frederike Mette, podemos definir a necessidade como algo utilitário, caracterizado por um produto ou serviço que provavelmente utilizarei no meu dia-a-dia e que se torna essencial para executar alguma tarefa.
Por exemplo: com o trabalho remoto há a necessidade de ter um computador, uma boa rede de internet, webcam. Já o desejo seria a compra de algo hedônico, que não é essencial mas que provavelmente me deixaria mais realizado, feliz. “É o que me desperta sentimentos mais inconscientes. Podendo ser a compra de um carro melhor ou até mesmo uma capa mais bonita para o celular. A compra por vontade normalmente irá substituir algo que já tenho ou me proporcionar satisfação em momentos de lazer”, esclarece Frederike.
A professora Liliane complementa, explicando que os desejos são aquilo que gostaríamos e temos vontade de ter. “Hoje em dia eles são tão fortes e estão subconscientes que se confundem com necessidade. Não temos fome, temos fome de sushi. Não temos sede, temos sede de coca-cola”, exemplifica.
A docente Frederike explica que a compra por impulso é caracterizada por fatores cognitivos ou características pessoais. Normalmente ela é realizada por pessoas que possam ser mais materialistas ou que gostem de curtir o “presente”, sem planejar muito o futuro. “Além disso, ela pode estar associada a fatos que ocorram na minha vida e que eu acabado querendo “compensar” adquirindo algo com vontade. Por exemplo, estudos mostram que pessoas que se sintam mais depressivas acabam consumindo mais pensando que aquele produto possa proporcionar momentos melhores”, esclarece.
Mas como evitar as compras por impulso?
Frederike elencou dicas práticas que podemos incluir no nosso cotidiano para evitar as compras por impulso e manter o orçamento em dia. Confira:
- Fuja das tentações! Descadastre seu email e celular de propagandas de lojas, pare de seguir nas redes sociais. Lembre-se “o que não é visto não é lembrado”;
- Ao realizar a compra faça a mesma de forma lenta, tentando ser racional. Por exemplo: se quer comprar uma televisão, pesquise preços, negocie condições de pagamento e não tome decisões por impulso. Normalmente quando se decide de forma mais lenta, se consegue entender se aquela compra é uma necessidade ou vontade, pois são analisadas alternativas e tomada uma decisão mais racional;
- Organize suas finanças pessoais para saber quanto da sua renda está comprometida em pagamentos futuros como dívidas e parcelas no cartão de crédito, carro e outras despesas. Assim, conseguirá “ver”se realmente possuo renda para comprar algo por vontade;
- Lembre-se: o errado não é comprar por vontade, mas sim que estas compras sejam descontroladas e que acabem comprometendo a sua situação financeira. Não tem problema você pedir aquela tele entrega que gosta, mas se pedir todo dia provavelmente esteja gastando mais do que precisa.
Fonte: Correio do Povo