O Ceará enviou ao Amazonas 65 equipamentos de respiração artificial que podem reduzir até 60% a necessidade de intubação e internação em UTIs em casos mais graves de Covid-19. Um dos pacientes que usaram o capacete Elmo, o empresário Henrique Monteiro afirma que o equipamento evitou que ele precisasse ser intubado. “Escapei da intubação por causa do Elmo”, afirmou.
Monteiro passou 15 dias internado no hospital estadual São José, em Fortaleza, após ser infectado pelo novo coronavírus. Ele chegou a ficar com 50% dos pulmões comprometidos na fase mais grave da doença. O empresário foi o primeiro a utilizar o Elmo na unidade.
“O médico chegou para minha mulher e, em três ocasiões, disse que era preferível intubar. Então, um fisioterapeuta, responsável pelo setor onde eu estava, disse: ‘vamos tentar o Elmo? A gente não tentou com ninguém ainda’. Escapei da intubação por causa do Elmo. Sensacional o equipamento”, relata.
O capacete foi desenvolvido por pesquisadores cearenses e já foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Instrutoras foram a Manaus
Além de doar os Elmos, o Ceará enviou profissionais de saúde para ensinar as equipes de Manaus a usar o equipamento novo.
A enfermeira Rebeca Bandeira, que esteve em Manaus ministrando o treinamento, não escondeu a felicidade em poder compartilhar a experiência com os colegas. “Apesar de cansados, eles falaram que foi um ânimo a mais contar com o dispositivo. Eles conseguiram ver aplicabilidade no campo prático deles e receberam dicas de como e em quais pacientes vão poder aplicar”, disse.
A médica Bruna Portela, que recebeu o treinamento para uso do capacete viu a ideia como uma ótima opção para melhorar o enfrentamento da doença. “A gente acabou perdendo muitos pacientes por ter uma falta de estrutura para atender essa demanda. Os ventiladores mecânicos são itens escassos agora. Então é uma alternativa da gente melhorar o atendimento do paciente. Isso vem para somar e contribuir aí com a gente”, afirmou.
Como o Elmo funciona?
Utilizando um mecanismo de respiração artificial não invasivo, o capacete pode ser aplicado em pacientes considerados de baixa e média complexidade.
O dispositivo possui três ramos, um de entrada de oxigênio, de inspiração, e outro de saída de gás carbônico, de expiração. O terceiro ramo é destinado para a medicação e/ou alimentação do paciente durante o tratamento hospitalar. Fluxo de oxigênio entra no capacete através de uma válvula que abastece uma jarra de umidificação de ar. Este umidificador joga o fluxo de oxigênio para dentro do capacete, passando agora por uma filtragem. O Elmo tem internamente uma pressão positiva, que induz o fluxo de ar para dentro do paciente.
Quando o paciente solta o ar de volta, ele vem com gás carbônico contaminado. Para evitar a infecção da equipe de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, o ar é filtrado ao sair pelo ramo de expiração.
Além desses três eixos, o capacete Elmo tem uma membrana responsável por garantir a vedação no pescoço do paciente, com cinco tamanhos diferentes, adaptável ao peso e à altura do usuário. Essa membrana é importante para evitar o vazamento de ar contaminado, protegendo, assim, a equipe de profissionais de saúde.
Fonte: G1