O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criticou nesta quinta-feira (28), em entrevista à Rádio Tupi, o “comportamento inadequado” do presidente Jair Bolsonaro ao comentar a operação da Polícia Federal determinada pelo STF ontem em inquérito que investiga fake news e ameaças contra ministros do Supremo.
“Não teremos outro dia como ontem, chega”, disse Bolsonaro na manhã de hoje ao sair do Palácio da Alvorada.
Para Maia, o presidente “fez críticas à ação do Supremo, que vai continuar tendo apoio do Legislativo e da sociedade para tomar suas decisões. Frases como essas criam um ambiente de radicalismo que é ruim”.
O democrata afirmou, no entanto, que espera que, apesar de declarações “mal colocadas” de Bolsonaro, o governo mantenha o diálogo com os demais poderes e respeite as instituições. O deputado rechaçou a tese de que o Congresso tem sido condescendente com o comportamento do presidente.
“A Câmara tem atuado inclusive aprovando propostas contra os interesses do governo e segurado projetos do governo contra meio ambiente e índios, por exemplo. Tentamos manter o diálogo, mas também a independência.”
Questionado se a ausência de parlamentares em Brasília por causa da pandemia não representaria um risco, caso o presidente decida agir contra as instituições, Maia negou que exista essa ameaça. “Não vai acontecer. As instituições estão garantindo a sua independência. A gente também precisa respeitar as regras que defendemos, de isolamento.”
Eduardo Bolsonaro
O deputado disse ainda esperar que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) não tenha ouvido do pai, o presidente Bolsonaro, a tese de que o “momento de ruptura está chegando”.
“Espero que não [tenha ouvido isso do pai]. É muito grave [a declaração], mas vamos continuar trabalhando para que as instituições trabalhem de forma independente e tentando ao máximo o diálogo e a harmonia.”
O presidente da Câmara afirmou que os partidos podem encaminhar o deputado ao Conselho de Ética se entenderem que Eduardo Bolsonaro cometeu algum crime.
Segundo o democrata, a frase do ministro da Educação, Abraham Weintraub, durante a reunião ministerial do dia 22 de abril dizendo que, por ele, mandaria prender os “vagabundos” do STF foi “muito ruim” e que a decisão do ministro do Supremo Alexandre de Moraes de ouvi-lo no inquérito das fake news precisa ser respeitada. “Para uma democracia ser respeitada internamente, e também no mundo, as decisões dos poderes precisam ser respeitadas.”
Maia disse acreditar que Weintraub vai respeitar a decisão do STF e depor caso o habeas corpus pedido pelo Ministério da Justiça não seja acatado pelo Supremo.
Fonte: CNN