Instituição com 120 anos de história, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) tem sido responsável durante a pandemia do novo coronavírus no Brasil pela produção de testes para diagnóstico da doença e por pesquisas de possíveis tratamentos e vacinas contra o vírus.
Com um orçamento de cerca de R$ 4 bilhões, o órgão ligado ao Ministério da Saúde chegou a construir um hospital para atender pacientes com a covid-19 no Rio de Janeiro, onde fica sua sede. A fundação tem unidades espalhadas por dez estados brasileiros, além de uma em Moçambique, na África.
Em meio à crise sanitária, uma reportagem publicada em 17 de junho pela revista piauí revelou que a Fiocruz entrou na mira de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.
Num áudio divulgado pela publicação, a secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do ministério, Mayra Pinheiro, defendeu uma interferência nas eleições para a presidência da instituição a fim de tirar seu “poder de direcionar a saúde no Brasil”. Segundo ela, as medidas adotadas pelo órgão são de “esquerda”.
A Fiocruz disse que não comentaria o áudio e que concentra seus esforços nas pesquisas para o enfrentamento da pandemia. O Ministério da Saúde também não se pronunciou sobre o caso.
O mandato de presidente da fundação tem duração de quatro anos. O processo de escolha prevê a formação de uma lista tríplice a partir de eleições internas e a escolha pelo presidente da República de um dos nomes para comandar a instituição.
A atual gestão, da professora e pesquisadora Nísia Trindade, termina em 2020. Por isso, a Fiocruz deve realizar novas eleições até o final do ano.
Pesquisadores da instituição já se manifestaram a favor de medidas mais restritivas de isolamento social, como os lockdowns, para conter o avanço da doença. Um estudo da Fiocruz também mostrou que não há evidências de que a cloroquina funcione em pacientes com a covid-19.
Desde o início da crise sanitária, Bolsonaro tem adotado uma atitude anticientífica, contra medidas de isolamento social e em defesa do uso da cloroquina no tratamento da doença, mesmo sem a eficácia comprovada.
Fonte: Nexo Jornal