Gostinho da infância
Por Briann Ziarescki
Qual é o seu clássico da Disney favorito? Sei que existem diversos gostos e dos mais variados. Tem gente que ama as clássicas histórias de princesas e possuem um carinho mais que especial por Branca de Neve e os Sete Anões, Cinderela, Bela Adormecida, Princesa e o Sapo e companhia ilimitada. De outro lado temos aqueles que gostam mais das histórias que fogem do convencional e preferem Mulan, Frozen, Moana e por aí vai. E da Pixar?
Já estou vendo que essa conversa vai longe, portanto falarei dos meus então. Na verdade farei melhor que isso: contarei a história de como me encantei pelo maravilhoso mundo da Disney/Pixar. Roda a abertura do castelo com os fogos brilhantes. Pode entrar luminária que irá pular até esmagar a pobre letra “i” e, vamos começar do começo obviamente. Então, sem mais delongas…
…Era uma vez uma criança de cabelos louros, quase dourados, cortados tigelinha. Sim, eu mesmo que vos escreve no auge de sua não tão longínqua infância. Me lembro que, quase toda semana, minha mãe pegava eu e minha irmã e ia até uma padaria próxima de nossa casa. Era possível sentir aquele cheirinho de pão saindo do forno, dos sonhos de nata e outros doces fresquinhos ao dobrar a esquina. Aquela padaria era muito especial pois não somente produzia uma infinidade de gostosuras, como também era localizada no melhor lugar possível no início dos anos 2000: ela ficava ao lado de uma locadora de vídeos.
Então sempre que íamos com nossa mãe, eu e minha irmã já sabíamos que teríamos a oportunidade de adentrar naquele encantado estabelecimento e escolher qualquer fita de vídeo que quiséssemos! Ou pelo menos aquelas reservadas na seção infantil. Aquelas prateleiras lotadas das mais variadas produções era o sonho desse pequeno cinéfilo. Mas mesmo com uma infinidade de escolhas, íamos diretamente nas mesmas três fitas: Aristogatas, Procurando Nemo e Vida de Inseto.
Caso um dia você que está lendo tenha a oportunidade de assistir qualquer uma das produções citadas anteriormente ao meu lado, você verá e – principalmente – ouvirá, um fã extremamente compenetrado em repetir absolutamente todas as falas em cena. Essa parcial obsessão advém do fato de que assisti incontáveis vezes os mesmos filmes, até o estranho momento em que me vi recitando a canção em baleiês com a Dory, ou decorando cada um dos números circenses do famigerado circo dos insetos e até mesmo arriscando um arranhado e incerto francês com a minha família favorita de gatos do cinema.
O favoritismo era tamanho que um belo dia compraram o trio de fitas para nós. Se existe uma memória que levarei para o resto da vida com certeza é deste mais completo e irrestrito sentimento de pura alegria, que eletrificou cada centímetro de meu corpo após ganhar aquele presente inesquecível. Ao mesmo tempo que também jamais esquecerei da dor que partiu meu infante coração quando as fitas se deterioraram a ponto de não funcionarem mais.
Por uso excessivo e contínuo, as fitas se embolaram, soltaram-se e por fim, estragaram-se por completo. Demorou, mas o choro cessou. A ferida se cicatrizou ao passo em que o tempo e a tecnologia avançaram. Me lembro do dia em que nosso velho aparelho de vídeo foi embora de casa. Parecia que levava em seu interior não somente as engrenagens mágicas que reproduziam os mais diversos sonhos na tela da TV, mas também parte de minha infância.
A mágica locadora perdeu clientela e fechou as portas. Até mesmo o inconfundível cheiro da padaria, não parecia mais tão apetitoso ao meu olfato. Seria esse então o destino? Crescer e virar um adulto amargurado, cuja vida sem brilho já parece por vezes insossa e sem graça? Confesso que no dia a dia estressante, seguidamente os percalços da vida já me cercaram e, por vezes, derrubado fui.
Já era hora de recuperar um pouco do brilho infantil tão crucial em todas as fases de nossa vida. Por sorte o Disney+, plataforma de streaming da Disney, Pixar, Marvel, Star Wars e National Geographic chegou em novembro ao Brasil. Nele, com a distância de um clique pude acessar o mundo mágico que habitava em minha infância. Todos os clássicos disponíveis e adivinha quais eu fui procurar por primeiro?
Sem risco de estragar fita nenhuma, eu posso – e vou – ver sempre que sentir saudades de Duquesa e os gatinhos tentando voltar para casa, do Flik fugindo desesperado dos gafanhotos e claro, do Marlin e da Dory procurando o Nemo pelos sete mares. Falando nisso, acho que vou encerrando por aqui e ir dar uma volta no tempo. Até a próxima!