AMOR PLATÔNICO – O Mito do Casamento Perfeito!
O mito do casamento perfeito nega a possibilidade do casal ser feliz. Sendo a felicidade no casamento, alcançada por meio de muito esforço e constante renúncia, muito investimento e pouca cobrança, muito elogio e cautelosas críticas. O filósofo Platão, ao descrever o amor ideal, o chama de “puro e sem paixões”. Para ele, a paixão é cega, material e falsa. Afirma ainda que o amor deve estar focado no caráter e na inteligência de uma pessoa, e não nas suas características físicas; o amor baseia-se não em interesses, mas nas virtudes da pessoa amada.
Considerando esta realidade, entendemos que há perigos que circundam o relacionamento conjugal, sufocando-o e, por fim, matando-o. Quero partilhar algumas crenças que nascem da ideia do casamento perfeito, que interrompem a construção de uma vida conjugal centrada no verdadeiro sentido do amor:
PRIMEIRO – NEGAR realidades existentes na relação conjugal – Isso é insensibilidade que beira a loucura porque simplesmente cobro do cônjuge, perfeição. Tenho constatado que namorar é a arte de esconder. Daí, se começar errado, dificilmente dará certo, pelo fato de não se trabalhar as realidades existentes como: expressões da cultura, fatores econômicos, a importância da organização, diferenças intelectuais, entre outros. O relacionamento conjugal deve encontrar transparência em seu caminho.
SEGUNDO – ATRIBUIR ao acaso, a felicidade – “… O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”. Não é razoável pensar assim, esta forma de pensamento deixa o relacionamento conjugal vulnerável, frágil e completamente aberto a variáveis que podem roubar o prazer da felicidade. Ser feliz é uma escolha, é doação em favor do outro; é trabalho consciente na construção da mesma, devendo ser assertiva!
TERCEIRO – ACREDITAR em almas gêmeas – Nada é mais destrutivo na relação conjugal do que a crença na existência de uma alma gêmea. Quando se acredita neste mito para o relacionamento, se descarta a possibilidade de erros, que podem ser pedagógicos. Não se consegue trabalhar com as frustrações que a relação conjugal pode proporcionar. Somos seres singulares, únicos, que devem partilhar objetivos em comum!
A relação conjugal deve estar fundamentada no perfeito amor, que proporciona a pessoas imperfeitas se amarem e, assim, caminharem juntas e felizes para sempre!
Caminheiro o caminho se constrói no caminhar…
Por BARTOLOMEU PATRÍCIO – Psicólogo, Terapeuta Familiar e Teólogo