Crônicas de um título
A Chapecoense é campeã catarinense. Hepta. Em sua história recente, nos acostumamos, enquanto torcedores, a ver o Verdão frequentemente na disputa pelo caneco Estadual. Para se ter uma ideia dos feitos, até entrarmos nos anos 2000 eram apenas duas taças conquistadas. Veio a organização administrativa, o trabalho com os pés no chão, e a Chape começou a figurar nos momentos decisivos do certame. A subida meteórica, inclusive no cenário nacional, foi interrompida pelo motivo que todos sabemos. Aí vieram os falsos profetas, muitos já conhecidos da torcida alviverde, e nossa Chape ficou à deriva.
Com o rebaixamento para a série B nacional, muitas dúvidas surgiram, e poucos foram os corajosos que aceitaram o desafio de abraçar a instituição. Começamos mal o Estadual, e a possibilidade de rebaixamento era real. Veio a troca de técnico, as mudanças no elenco, e a Chape foi “tomando forma”. A pandemia atrapalhou, ou ajudou nesse processo, não sei ao certo dizer, mas o fato é que o grupo de jogadores entendeu o que é a Chapecoense, o que ela representa para Chapecó. Passamos por Avaí e Criciúma, dois adversários tradicionais a nível estadual, e chegamos à decisão para enfrentar a melhor equipe do certame, o Brusque.
Confesso que, uma vez na final, entendi que o peso da camisa, da história, da tradição, traz o balanço na equação do favoritismo. Confesso também que esperava mais do time do Vale do Itajaí. O Brusque tem um time interessante, com ideias interessantes, mas com “falta de execução”. Uma equipe que sabe trabalhar a bola, rodar ela nos diversos setores do campo, mas não define a jogada. E foi esse o ponto aproveitado pela Chape. Neste domingo (13), a Chapecoense não venceu o Estadual. O campeonato foi ganho no jogo de ida. Os dois gols dos zagueiros chapecoenses mostrou uma arma que até o final de 2019 era o pesadelo do torcedor alviverde, a bola aérea. É fato que o primeiro encontro poderia ter sido inclusive mais tranquilo ao Verdão, visto as grandes chances perdidas com Aylon e Anselmo Ramon, mas convenhamos que um 2×0 ficou de bom tamanho.
No jogo de volta, tivemos mais do mesmo. Para ser campeã, a Chape não precisou ser brilhante, não deu show. Foi efetiva. Teve sua oportunidade e marcou. O Brusque também foi previsível ao extremo, focando suas tentativas ofensivas pelo lado direito de ataque, sem sucesso. O fato é que esse time da Chape tem a cara da Chape. Jogadores buscando retomada na carreira, jovens talentos, um técnico com os pés no chão e principalmente, uma diretoria responsável e identificada com o clube. Se dentro de campo o Verdão vai mostrando sua cara com uma “espinha dorsal” sendo montada (João Ricardo, Luiz Otávio, Willian Oliveira e Anselmo Ramon), fora das quatro linhas o entrosamento de Paulo Magro, Mano Dal Piva e Neto vai dando seus frutos. Dirigentes que vivem Chapecó, que estão trazendo o torcedor para perto da Associação novamente, para galgar passos importantes na sequência da temporada e da história alviverde.
O foco agora volta à série B do Brasileirão. A competição é longa, desgastante e equilibrada. Nosso objetivo segue sendo o de permanecer na divisão, mas é impossível aos que ouviram as palavras do ex-zagueiro Neto, agora diretor de futebol, após o apito final frente ao Brusque, não ter se emocionado junto e não sonhar com o acesso à série A. Para Neto, a Chape não é um time, é sua vida. E a luta pelo sentido e pelo sucesso na nossa vida é o que nos move. Então, em frente Chape!, parabéns por mais um título Estadual! Vamos por mais.
Derlei Alex Florianovitz