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Coluna | Inquietações | Governo: amor e ódio

Governo: amor e ódio

Vivemos naquele exercício de ficção: o governo finge que vai fazer e nós fingimos que acreditamos.

Então tocamos a nossa vida, reclamando com os “direitos constitucionais” garantidos, e tá tudo certo…

No ponto de inflexão de tudo que estamos vendo no Covidão galopante, o resultado de acreditar que o governo “sempre” irá resolver os problemas chega novamente ao resultado retumbante: mais do mesmo (que você sabe o que é)…

Como se o Estado fosse operacionalizado por um governo de políticos que são anjos celestiais, e nunca de carne e osso, você segue aí acreditando que eles “ainda” irão resolver tudo…

Sempre estamos deslocando a função da resolução dos problemas sociais para o governo. Pois é, mas odiamos os políticos…

E agora José? Explica esse negócio então…

A discussão política nunca foi parte de nosso dia a dia, e por consequência, uma imensa quantidade de informações jamais chegava até nós…

Resultado dessa alienação: o espaço estatal foi ocupado pelos piores elementos que a sociedade possui. Como não ligamos para isso, permitimos que tudo possa acontecer.

“Política é coisa de bandido…”… certeza que tu já ouviu essa…

Mas, ao mesmo tempo, tu esperas que o gari varra a tua calçada em frente de casa. Como o que é público não é de ninguém, então não vou cuidar, mesmo que o público também seja seu…

Os termos esquerda, direita, progressismo, conservadorismo e liberalismo entraram na dieta mental brasileira apenas recentemente. E tá difícil de digerir…

As pessoas começaram a se dar conta que a política e o governo, da maneira como atuam hoje, mais atrapalham que ajudam…

Por isso esse turbilhão de salitre e breu: quem será o próximo dono dessa máquina controladora?

Ainda temos uma adoração insistente e inabalável no “Estado Resolutivo”, apesar da revolta crescente com os políticos que o compõe…

A visão operacional desse Estado aparelhado, curiosamente não depende do viés ideológico. Nesse sentido, figuras muito diferentes se “unem” em torno de um denominador comum: criar dificuldade para oferecer (vender) facilidade…

A tradição autoritária e patrimonialista da política brasileira ainda tenta sobreviver.

No fim, a gente se acostuma para poupar feridas, sangramentos, poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida, que aos poucos se gasta… mas não devia…

Guilherme Menegon Giesel

Gaúcho, Chapecoense por escolha, cientista inacabado e um entusiasmado por empreendedorismo

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