Coração, do latim Cor, Cordis.
O coração, motor da vida do nosso corpo físico. Simbolicamente, é conhecido como lócus dos sentimentos, das emoções e paixões. Os romanos, por exemplo, além de outros povos antigos, acreditavam que a alma estava ligada ao coração. Assim, também, algumas filosofias, especialmente as orientais, coadunam a alma, a consciência e a memória a este lócus simbólico.
Há uma beleza inexplicável na simbologia do coração. Palavras cognatas e expressões estão presentes no nosso vocabulário, usamos muitas sem darmo-nos conta. Vou fazer uma humilde tentativa de descrever algumas, vejam e sintam comigo:
Aproximar e unir os corações em torno de uma mesma opinião significa Concórdia ou concordância;
Afastar e separar os corações significa Discórdia, discordância;
Memorizar, levar algo ao coração é Decorar. Por essa razão dizemos que sabemos algo ‘de cor’, quer dizer que sabemos e guardamos no coração;
Trazer uma memória querida à lembrança, ou de volta ao coração é Recordar;
Despertar, estar consciente e lúcido é Acordar;
Agir em relação aos outros regido pelo coração é ser Cordial;
Ir de encontro ao coração de alguém e compadecer-se dele é Misericórdia;
Ter o coração forte para agir, não de forma impetuosa, mas de forma sensível e consciente é Coragem.
Nas expressões, “partir o coração” é sofrer;
“Ouvir com o coração” é entregar-se à escuta do outro com dedicação;
Fazer algo de “todo coração” é colocar-se por inteiro na tarefa;
“Dizer de todo coração” é falar carregado de verdade, com uma intenção de ‘bem’;
“Ouvir o coração” é seguir os próprios sentimentos, emoções e intuições;
Aos insensíveis, asseveramos de “sem coração”, aos sensíveis “coração mole”, aos generosos “coração de ouro” e aos corajosos “coração de leão”.
Se pensarmos na religião, especialmente a cristã, o coração é o lugar de Deus.
Talvez, ao longo do tempo, tenhamos reconhecido o coração como a morada das nossas emoções porque nele podemos sentir palpitações e aceleração quando estamos apaixonados, um vazio quando estamos deprimidos, um aperto quando estamos angustiados ou ansiosos. Falar do coração remete ao bom, ao belo e ao justo. Há um sentido sublime, que parece conduzir à essência, a algo mais profundo.
Muito mais do que tratar da mente como uma instância pensante, conectada à racionalidade e ao pensamento, é importante que o olhar da psicologia volte-se para esse elemento singular do humano e sua conexão com o sentir, com o intuir, com o memorizar e com o relacionar. A vida é muito mais sentida do que pensada, ela acontece na dor, na tristeza, no compadecimento, na alegria, no choro, no adoecimento, na recuperação, nas expressões afetivas. É preciso aceitá-la e enfrentá-la de “coração aberto”.
Por fim, quero partilhar uma das frases que mais me toca e que é motor para muitas das minhas escolhas de vida: “Onde o seu coração está, é lá que a sua razão deve permanecer” (AD). Assim, finalizo. A frase não carece de explicações, só tem de ser sentida com o coração.
Caloroso cumprimento e até semana que vem!
Psicóloga CRP 12/15087
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