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Coluna | Era sol que me faltava | Comunicação brega!

Comunicação brega!

Há algum tempo, experimento náusea ao ouvir ou ler algumas palavras, especialmente algumas exaustivamente repetidas. Partilhando deste desconforto no instagram, me percebi respaldada por muitos que igualmente sinalizaram seu tédio diante dos modismos e pedantismos da nossa linguagem. Dessa forma, o texto decorre de modo a refletir sobre essas palavras, seus usos e significados. É evidente que não possuo conhecimento de linguagem ou gramática suficiente para tecer críticas à isto. O objetivo é tão somente pensar sobre os impactos comunicacionais e possíveis desdobramentos culturais.

É fato que existem termos que estão na moda, cito alguns: Gratidão, Empatia, Empoderamento, Resiliência, Equilíbrio, “Novo normal”, Reciprocidade, Motivação, “Fora da caixa”, Reinvenção, Empreender, Inovar, a lista é imensa e cansativa, vou poupá-los. A centralidade da questão não está sobre o significado dessas palavras, mas seu uso exaustivo, por vezes fora de contexto, na pretensão ilusória de produzir requinte ao discurso ou transmitir intelectualidade ou modernismo. Será que isto não acaba por produzir banalidade?

Eu compreendo que a linguagem é viva e mutável, já que ela é resultado da cultura. Mas, na atualidade, temos agido de modo a avaliar que tudo é subjetivo, que podemos customizar tudo, que podemos atribuir valor de certo e errado a partir do próprio critério. Calma, nem tudo podemos ou devemos dobrar a nossa vontade. 

Me inquieta, realmente é possível alterar nossas ações, nossas crenças e valores, usando desmedidamente palavras como Gratidão, Motivação, Autoestima, Resiliência, etc.? Eu, honestamente tenho minhas dúvidas. Isto se assemelha a ideia de pensar positivo, mentalizar e verbalizar, com a finalidade de alterar a realidade. A língua não altera a realidade, é a realidade que altera a língua. 

Com esta última questão, gostaria de adentrar superficialmente na questão do emprego politicamente correto das palavras, a exemplo de não utilizar de “palavras preconceituosas”, como se o valor estivesse contido nos termos, e não em quem os emprega. Entramos agora na discussão do gênero neutro. Gostaria de ponderar que eu acredito e concordo que a linguagem pode expressar violência (alerta aos ofendidos), especialmente quando empregamos de forma descarada. Agora, acreditar que impedir o uso de algumas palavras impede também o preconceito é uma fantasia, não é o uso das palavras que funda ou institui violências e preconceitos, este é o polo errado para debatermos nossos males. 

Considerarmos a linguagem como uma ferramenta social, e, dessa forma, devemos admitir que ela nos oferece fortes elementos para avaliar nossas condutas morais. Então, se pensamos que questões de preconceito ou problemas sociais podem verdadeiramente ser sanados pela adaptação da linguagem, a que conclusões se pode chegar? Honestamente, só consigo pensar em hipocrisia, na medida em que deixamos de nos implicar com questões verdadeiramente sérias e relevantes.

Por fim, resta em mim a sensação de que a repetição exacerbada de alguns termos, contextualizados ou não, despersonaliza os textos e empobrece nossos discursos, especialmente quando transformam-se em clichés. Conversar ou ler torna-se cansativo e entediante. Agora, quando adentramos a ilusão de produzir realidade através da linguagem, chegamos ao terreno do politicamente correto, refúgio da nossa geração de vítimas e ofendidos. 

Último adendo, dadas as imensas e rápidas adaptações da linguagem, além da customização, modismos e pedantismos, espero apenas que se preserve a capacidade de ler e compreender os clássicos e textos antigos. Caso contrário, perderemos muito. 

Solange Kappes!

 

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