Aniversários, 1 ano, 30 anos!
Um ano de Era Sol que me faltava! Um ano. Aniversários são datas que me fazem refletir sobre o tempo. Linear ou espiralado? Vivido ou suportado? Longo ou curto? Reflexões sobre o tempo são especialmente saborosas se estimuladas pelo pensamento de Sêneca¹. Já nas palavras do meu amado, o tempo da existência é breve e nos vencerá sempre, mas vale ser vivido no desfrute das relações de amor e amizade. De fato, o tempo é o que só poderia ser, dura o que só poderia durar, então, que saibamos dar nosso toque de beleza a ele.
No início da coluna, eu confesso, o solo novo intimidou meus pés; me senti pisando medrosamente e sem saber ao certo aonde ir. O passar do tempo me trouxe segurança, identidade e clareza; especialmente sobre a forma que desejo ir na direção de vocês, leitores. Isto também lhes deve estar nítido, eu imagino. Não existe em mim o desejo de agradar ninguém, nem a pretensão de ser lida e entendida por todos. Tenho consciência de que não agrado a todos e isso é o que mais me alegra ao escrever. Escrevo sobre o que quero, escrevo porque preciso (como diria Clarice Lispector), e os temas que escolho, em geral, me encontraram ao longo da semana, em leituras, em conversas, em sessões de terapia, em vídeos, enfim, na realidade que é a minha.
Aniversariar a coluna é de uma felicidade indizível. Inclusive, tratamos de felicidade em um dos textos. Transitamos por tantos temas: solidão, liberdade, morte, saúde, amor, amizade, erotismo, internet, narcisismo, ressentimento, ufa! Além de muitos outros. Repetiram-se nas inspirações e citações: Fernando Pessoa, Nietzsche, Camus, Clarice Lispector, Sêneca, Luiz Felipe Pondé, Clóvis de Barros Filho, Byung-Chul Han, Leonardo da Vinci e outros tantos. O compromisso de escrever toda semana me fez ver a importância de construir repertório, de ler cada vez mais, de atentar-se às pessoas e ao mundo e, sobretudo, de manter estimulada a curiosidade e a capacidade contemplativa.
Além de aniversariar a coluna, no final de semana, também eu aniversariei. Aos 30 anos, começo a perceber os contornos do meu Eu. Sabendo que a vida é um eterno fazer-se e refazer-se, há algumas poucas características perenes. Me percebo lembrada por coisas que eu escrevi ou que eu disse. Nas afetuosas mensagens que eu recebi de familiares e de amigos, pude notar que existem elementos mais firmes na minha identidade, que produzem uma autenticidade que eu tenho suado para construir. Mais do que nunca eu penso que a vida vale nas relações que cultivamos. A vida vale na família que é a nossa, no amor que conquistamos, nas amizades que construímos e, sobretudo, nos desafios e dificuldades que se impõem para o nosso enfrentamento e fortalecimento. Temos por perto aqueles que merecemos! E olhar para quem eu tenho perto me faz sentir altamente agraciada pela vida.
Para encerrar, um agradecimento enorme e geral, para incluir os inéditos e, também, para não correr o risco de ser traída pela memória. Que nos seja concedida a possibilidade da partilha por outros tantos encontros. Tanto nas agruras quanto nas doçuras da existência.
Sincero e carinhoso Obrigada!
¹ sugestões: Sobre a brevidade da vida; Aprendendo a viver.
Solange Kappes
Psicóloga CRP 12/15087
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