Essa quarta-feira (19) marcou um ano desde que as primeiras doses da vacina contra a Covid-19 chegaram e foram aplicadas em Chapecó. Também foi naquele dia em que o repórter do Barriga Verde Notícias, Fernando Bortoluzzi, gravou as primeiras imagens do que viria a ser um documentário que aborda o contexto da pandemia no município, o colapso hospitalar ocorrido entre fevereiro e abril de 2021, suas causas e impactos.
Em comemoração a um ano das primeiras gravações, o filme foi lançado na noite de quarta-feira e poder ser assistido no YouTube neste link. “Essa não é a face da pandemia que ninguém viu”, adianta o autor.
Chapecó em Colapso é um documentário audiovisual de 80 minutos, realizado como trabalho de conclusão do curso de Jornalismo na Unochapecó e orientado pela professora Angélica Lüersen, Mestre pela UFSM na linha ‘Mídia e Estratégias Comunicacionais’; Pós-Graduada em Docência na Educação Superior pela Unochapecó; e Pós-Graduanda em Cinema e Realização Audiovisual pela mesma universidade.
O filme foi produzido ao longo de 2021 e sua narrativa permeia temáticas como a quarentena, a gestão da epidemia pelo poder público, a vacinação, a rotina de profissionais que não puderam deixar de trabalhar, tratamento precoce e as visitas do presidente Jair Bolsonaro a Chapecó.
A narrativa é reforçada com depoimentos de profissionais que estiveram diretamente envolvidos no contexto, como a enfermeira Leidinara de Oliveira, que atuou na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24h e na UTI Covid do Hospital Regional do Oeste; o ex-funcionário de frigorífico Danilo Silva Silva, cuja empresa não parou durante os surtos de contágio de coronavírus; o jornalista Marcelo Lula, que descreve a experiência de cobertura da crise em meio a ataques à imprensa e movimentos negacionistas; e Gilberto Luiz Moro, motorista de aplicativo.
Segundo o autor, o filme resgata também materiais produzidos por outras páginas e veículos de imprensa e reproduz o contexto a partir de um olhar autoral, traçando uma linha que registra e questiona os fatores que levaram ao colapso do sistema de saúde. “O uso de imagens de arquivo, cujo momento mostrou-se extremamente propício pelo grande volume de material audiovisual digital produzido e veiculado quando o principal meio de comunicação utilizado durante a pandemia foi a internet e as redes sociais, resultou na fórmula que ajuda a reconstituir o que vivemos em Chapecó no primeiro semestre do ano passado”, conta Fernando.
Para Lüersen, que orientou o estudante durante a elaboração e a aplicação do projeto do Produto Experimental, a escolha por um tema atual, relevante e corajoso foi o primeiro ponto que chamou a atenção. “A pauta é relevante não apenas hoje e aqui, mas se torna um relato documental deste período difícil pelo qual todos estamos passando e poucos trouxeram uma perspectiva crítica na abordagem do tema”, conta a professora.
Ela elogia a postura e conduta profissional adotada durante a pesquisa: “o resultado também me impressiona, porque vai além, traz muita sinceridade nos depoimentos e amplia o olhar autoral que o documentário permite”, conclui Lüersen.