“Familiares relataram que a filha era agressiva com a mãe e já havia a agredido em outro momento com uma tesoura”, disse o delegado da DIC (Divisão de Investigação Criminal), Vagner Tiago Ramos Papini, responsável pela investigação da morte de Orentina da Silva, de 89 anos.
A idosa foi achada morta, com uma tesoura no pescoço, por volta das 7h30 desta sexta-feira (16), dentro da casa que morava sozinha na rua Minas Gerais, no bairro Presidente Médici, em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina.
A vítima teve um golpe fatal na região do pescoço e inúmeros ferimentos no peito. “Foram golpes superficiais que indicam que a pessoa que desferiu não teria força suficiente para provocar algo mais incisivo”, infirmou Papini.
Imagens flagraram chegada à casa
Uma câmera de monitoramento flagrou a chegada da filha da idosa, de 52 anos, e do neto, de 25, na residência às 00h41. Segundo o delegado, dois minutos depois é possível ver que a luz é ligada e quatro minutos depois, às 00h47, os dois deixam a casa, retornando às 7h30, quando a PM (Polícia Militar) foi acionada.
“Eles estavam com as mesmas roupas e, por isso, foi possível identificar que se tratavam das mesmas pessoas. Das 0h47 até às 7h30 ninguém mais entrou na casa e nenhum vizinho ouviu gritos ou pedido de socorro”, pontuou o delegado.
Na casa também não foram identificados sinais de arrombamento, o que indica que a idosa permitiu a entrada dos dois. Além disso, nenhum objeto ou dinheiro foi levado da casa, o que descarta a hipótese de latrocínio e reforça a de homicídio.
Diante dos fatos, mãe e filho foram conduzidos à CPP (Central de Plantão Policial) e autuados em flagrante.
Filha pede perdão a Deus
Enquanto estava na cela a filha da vítima teria feito uma oração em que confessa o crime a Deus. “Uma testemunha ouviu ela falar frases como: ‘Por que eu fiz isso, poderia estar em casa com meu filho. Por que fui matar minha mãe?’”.
Conforme o delegado, isso reforçou a hipótese inicial de homicídio. Papini acredita, ainda, que mãe e filho simularam um latrocínio para prejudicar as investigações. “Quando ambos se separam eles prestaram versões contraditórias”, disse.
Papini informou que testemunhas já foram ouvidas e todos os elementos preliminares indicam para a autoria à filha e o neto da vítima. A motivação do crime ainda não foi identificada, mas o delegado afirmou que não havia herança envolvida e que a relação de mãe e filha era bastante conturbada.
“Preliminarmente foi uma situação banal, uma conduta de impulso. Acreditamos que não houve premeditação. A suspeita informou, de forma informal, que era bastante humilhada pela vítima e isso a teria motivado a agir assim. Ela ainda não foi interrogada de formalmente, mas inicialmente assumiu a prática e disse que se tratava de legítima defesa”, acrescentou o delegado.
Já o neto da idosa apresentou uma versão contraditória e quando questionado sobre o fato permaneceu em silêncio. “Por ser um golpe causado por uma tesoura fez com que presumíssemos que foi um crime envolvendo sentimentos. Quem fosse praticar um latrocínio não iria com uma tesoura. Por essa razão, a versão inicial de que seria um latrocínio foi desconstituída, motivo pelo qual passamos a suspeitar da mãe e do filho”, acrescentou.
Fonte: ND+