Foram apresentadas neste sábado (11) as primeiras imagens produzidas pelo novo Sirius, o maior acelerador de particulas do Brasil e um dos mais avançados do mundo.
O equipamento foi utilizado para radiografar proteínas do novo coronavírus, com a produção de imagens que podem ajudar no combate à doença.
A expectativa é que a ferramenta seja utilizada por pesquisadores que buscam entender o comportamento de componentes da matéria. No caso do vírus, as radiografias poderão ajudar a produzir um medicamento que iniba e combata a reprodução da Covid-19 no corpo do paciente.
O trabalho é conduzido por pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que observaram cristais de uma proteína que faz parte do processo de replicação vírus SARS-CoV-2 dentro do organismo infectado.
A amostra analisada foi produzida no LNBio (Laboratório Nacional de Biociências), que também fica no CNPEM, assim como o acelerador Sirius.
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Experimento
O cristal microscópico tem a espessura de um fio de cabelo e sua estrutura é basicamente composta pela proteína do vírus e por água. Por meio de vários processos de purificação e cristalização, a substância forma o minúsculo cristal de proteína.
A estrutura tridimensional é submetida a raios de luz em diversas direções e angulos para coletar como é a estrutura, a interação molecular e até mesmo o posicionamento de cada átomo. O raio-X garante detalhes da molécula investigada.
Com o desenho da proteína é possível desenvolver remédios que podem parar a infecção. Essa técnica foi utilizada para produzir coqueteis eficazes contra o vírus HIV e está pode ser uma esperança na corrida por um medicamento contra o novo coronavírus.
Por isso, o CNPEM comemorou o sucesso do experimento. A intenção é permitir que pesquisadores do mundo inteiro possam utilizar a ferramenta, por meio de uma seleção, um processo seletivo em que uma banca avaliará os projetos. Neste primeiro momento, serão priorizados estudos que tenham relação com o combate à Covid-19.
Sirius
Localizado em Campinas, interior de São Paulo, o novo acelerador de eletrons, do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) foi projetado por brasileiros a um custo de 1,8 bilhões de reais que foi financiado por empresas privadas nacionais e pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.
Com o diametro de 235 metros, o Sirius foi apelidado de “Maracanã da Ciência”. A maioria da tecnologia é nacional e deve ser usada em estudos de diversas areas, como meio ambiente, energia e saúde.
Ao todo o projeto Sirius terá 38 linhas de luz — a que a registrou o “desenho” do novo coronavírus é apenas uma delas. Atualmente o acelerador trabalha com apenas 5% de sua capacidade. Na proxima etapa vai ser possível ver o novo coronavírus em 3D.
Com o experimento de hoje, pesquisadores do mundo todo poderão utilizar o equipamento para testar suas teorias. De acordo com o CNPEM a escolha por usar a proteína do vírus é pela urgência em se encontrar uma solução para a pandemia.