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A queda do comércio no Brasil na crise do coronavírus

O comércio levou o pior tombo da série histórica no mês de abril, quando boa parte do Brasil lidava com medidas de restrição de circulação em razão da pandemia do novo coronavírus. Os dados foram divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na terça-feira (16).

16,8%

foi a queda no volume de vendas do varejo em abril de 2020

O tamanho da queda foi o mesmo por duas óticas de comparação. Tanto em relação ao mês de março de 2020 como em relação ao mês de abril de 2019, o tombo foi de 16,8%.

Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio reforçam o momento de crise vivido no Brasil. Com menos pessoas circulando nas ruas – seja por conta de restrições impostas pelo poder público ou por receio de contrair o novo coronavírus –, a atividade econômica é gravemente atingida.

Com vendas menores, as empresas ficam com dificuldades para manter as portas abertas, o que pode levar a falências ou cortes nos quadros de funcionários. Com menos gente empregada, o consumo cai, desaquecendo a economia e levando a uma trajetória que pode se tornar uma espiral negativa.

Mas nem todos os tipos de comércio foram atingidos da mesma forma pela crise. Abaixo, o Nexo destrincha os números do IBGE e mostra onde a queda do varejo foi mais forte.

Onde o tombo foi maior

A queda do comércio foi assimétrica, atingindo diferentes grupos de maneiras diferentes. O grupo de hiper e supermercados, mais ligado à comercialização de alimentos, observou crescimento do volume de vendas em relação a abril de 2019.

Foi o único grupo em que a variação na comparação com o mesmo mês do ano anterior foi positiva. Já os produtos farmacêuticos tiveram queda menor do que os 16,8% do total do varejo. Os números foram melhores, portanto, em setores mais ligados a produtos essenciais.

QUEDA DESTRINCHADA

Variação do volume de vendas, por grupo. Mercados e alimentos subiram, o resto teve queda, muitos acima de 40%.

Os números do IBGE mostram que, na comparação com abril de 2019, os grupos com maior retração foram roupas, livros e jornais. Esses bens costumam ser vendidos em shoppings e outros centros comerciais – em muitas cidades brasileiras, esses estabelecimentos tiveram que ser fechados em razão da pandemia.

A composição da taxa, que mostra o peso que cada movimento teve no movimento total do comércio no mês, revela que a queda teria sido significantemente maior não fosse o grupo de mercados e alimentos.

No gráfico abaixo, o número relacionado a cada grupo mostra a contribuição que cada tipo de produto teve sobre o número final do comércio. A soma dos grupos resulta na queda de 16,8%.

TAXA DECOMPOSTA

Composição da taxa de variação do volume de vendas em abril de 2020. Roupas e produtos de uso pessoal e doméstico tiveram maior impacto negativo. Mercados e alimentos tiveram impacto positivo.Composição da taxa de variação do volume de vendas em abril de 2020. Roupas e produtos de uso pessoal e doméstico tiveram maior impacto negativo. Mercados e alimentos tiveram impacto positivo.

O IBGE também divulgou o movimento de outros dois grupos de produtos que, quando acrescentados, ajudam a compor o chamado comércio varejista ampliado. Esses grupos são: veículos, motos e peças; e materiais de construção. O comércio de carros e afins caiu 57,8% em abril de 2020, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Já o grupo ligado à construção recuou 20,8%.

Fonte: Nexo Jornal

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