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A mobilidade excludente nas cidades

Coluna | Urbanizando

Especialmente nesse momento de pandemia começamos a valorizar mais os espaços que vivemos, nossas casas. Mas também, passamos a querer ter locais geograficamente mais próximos. Farmácias, mercados, trabalho, amizades e família. Apesar de o momento ser de isolamento, nem todo mundo pôde se manter em casa, na falta de ônibus, a melhor forma de locomoção foram caronas, aplicativos de transporte, bicicleta ou caminhando mesmo. 

Pense, você gostaria de morar ao lado do trabalho/faculdade e poder ir caminhando para maior parte dos lugares que precisa? Acredito que a grande parte responderia sim e também pensaria, “ah, mas isso é coisa de cidade pequena”.

Isso não é coisa de cidade pequena, é de cidade planejada e que o pedestre é o centro na discussão de mobilidade. O que, infelizmente, pouco se vê nos planejamentos urbanos no Brasil, onde mobilidade acabou virando sinônimo de ônibus, trânsito e estresse. 

Os bairros centrais, geralmente são os que observamos a melhor infraestrutura, ruas largas, calçadas acessíveis e organização. Isso porquê a maioria das cidades iniciaram no centro pois eram onde haviam as primeiras oportunidades de emprego, porém pela infraestrutura, o preço dos lotes se tornava mais caro. 

Fazendo com que os bairros no entorno desse centro se moldassem, com menos infraestrutura, porém com a necessidade de trabalhar e morar com uma renda menor. É fácil de perceber nas cidades, onde bairros cada vez mais longes do centro, tem menos infraestrutura, poucas calçadas e moradias irregulares. 

Assim se formam novos centros. 

Em Chapecó um dos exemplos que pode ser observado, é o bairro Engenho Braum que se formou inicialmente para abrigar os funcionários da BRF e suas famílias, também chamado de bairro-dormitório. Outro exemplo é o bairro Efapi, que se organizou no entorno dos frigoríficos e universidades, e atualmente é conhecido por parecer outra cidade.  

Essa criação de novos centros, além de facilitar a ida ao trabalho, cria a demanda de, escola, saúde, cultura, mercado entre outras necessidades, e conforme se organizam, tornam-se autossustentáveis e desafogam o centro principal da cidade. 

Porém esses centros secundários aconteceriam num “plano perfeito” de mobilidade das cidades, porquê o que realmente acontece hoje são as pessoas se deslocando dos seus bairros até o centro para trabalhar, estudar e consumir. 

E isso à primeira vista pode parecer benéfico para a cidade, pois a economia gira em torno desse grande centro. Porém gera gastos com deslocamento e trânsito pois o planejamento não previu tanto trafego para o mesmo destino. 

A forma de organização atual, gera moradias caras (e às vezes de baixa qualidade) somente pela localização e nem todo mundo consegue sustentar, e se consegue gasta grande parte do salário com aluguel.

Já parou para pensar porquê seu bairro se formou? E se VOCÊ fosse abrir um negócio, colocaria a sua mobilidade, como pedestre, como prioridade? 

Valorize os negócios que tem próximo à sua casa, talvez eles gostariam de estar no centro também, mas o centro não tem espaço para todos os públicos.

 

Juliana Balbinot Pavi
Arquiteta e Urbanista 

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