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Canal orienta pais sobre primeiros socorros com crianças

A pandemia trouxe uma nova realidade para a grande maioria das famílias. Sem aulas ou espaços coletivos de recreação e a necessidade de manter-se em distanciamento social, a casa virou o grande playground das crianças. Com tanta energia para gastar em pouco espaço, despertou-se também o cuidado redobrado aos riscos de acidentes domésticos e do surgimento de novos tipos: dados do Centro de Informação e de Assistência Toxicológica apontam que dos 108 casos de intoxicação por álcool em gel registrados no país neste ano, 88 ocorreram com crianças.

Diante desse cenário, além do cuidado redobrado, surge a importância do conhecimento de primeiros socorros por pais e responsáveis. E foi com essa motivação que o médico Fábio Strauss decidiu compartilhar seu conhecimento de mais de 10 anos de experiência na SAMU e pós-graduação em Urgência e Trauma, com pais, responsáveis e cuidadores neste momento.

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“As atitudes tomadas nos primeiros segundos após um acidente, na maior parte das vezes, fazem toda a diferença entre salvar ou não a vida da criança. Isso porque, independente da qualidade do pronto-socorro ou da experiência do médico socorrista, o deslocamento ou tempo de espera até o atendimento é fator determinante. Se o familiar ou cuidador da criança tiver noções básicas de primeiros socorros para dar suporte até o encontro com o serviço especializado, as chances de salvamento aumentam consideravelmente”, ressalta Strauss.

Através do site e do seu perfil no Instagram, o médico alerta sobre acidentes cotidianos, como a picada de insetos – venenosos ou não, ferimentos, ou desmaios. Os vídeos são feitos em seu próprio lar e, muitas vezes, contam com a participação de suas filhas. Com dicas práticas e linguagem fácil, as orientações podem ajudar também no treinamento de professores e cuidadores.

O médico conta que a ideia do projeto surgiu antes mesmo da pandemia. “A inspiração veio da experiência vivida no atendimento de urgência, tanto no hospital, quanto na ambulância. Como médico e na coordenação, percebi que os primeiros socorros a crianças são os que mais sensibilizam a equipe de salvamento. Por mais que façamos tudo que é necessário e consigamos cumprir a parte técnica da melhor forma, o emocional vem nos tocar depois, principalmente, claro, quando o desfecho é triste. Ver pais perdendo seus filhos não é o natural, mas infelizmente acontece”, relata.

Strauss ressalta que a proposta do projeto não é formar ninguém ou substituir o atendimento médico profissional, mas sim orientar atitudes básicas para pessoas comuns que podem ser vitais nos primeiros minutos após o acidente. “É fácil compreender: considere quanto tempo leva da sua casa até o hospital mais próximo e imagine uma criança que não consegue respirar durante cinco minutos?! Cada minuto pode valer a vida”, alerta. A ideia do médico é dar continuidade com a produção de conteúdo, mesmo depois da pandemia. “Com certeza o projeto se estenderá tentando engajar e auxiliar cada vez mais pessoas no propósito de proteger nossas crianças”, declara.

Cuidados práticos em casa

Além dos importantes conhecimentos sobre primeiros socorros, também é possível evitar que os acidentes aconteçam. O médico ressalta que, com crianças em casa em tempo integral, um minuto de desatenção basta para se ter sérios problemas. “Alguns cuidados práticos podem ser tomados, como manter fora do alcance os produtos químicos de limpeza, inclusive o álcool em gel – estes devem ficar dentro de portas ou gavetas trancadas, ou em lugares bem altos”, indica.

Objetos comuns também são alvo de cuidados, como por exemplo um lápis, que nas mãos de uma criança pequena pode ser um risco para os olhos, ou para a parte interna da boca. “Bebês exigem ainda mais atenção, por colocarem na boca tudo que encontram. Neste caso, os próprios brinquedos devem ser isentos de peças pequenas que possam se soltar e serem engolidas”, recomenda o médico.

Strauss ressalta que é importante lembrar que este é um período também de os pais tentarem manter a calma. “É um momento desgastante para pais e filhos. Mas relaxar nas cobranças é diferente de deixar de ter cuidado, especialmente com os menores”, finaliza.

 

 

Fonte: Correio do Povo

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