O Agosto Dourado simboliza a luta pelo incentivo à amamentação – a cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. A amamentação traz inúmeros benefícios tanto para o bebê quanto para a mãe, entretanto, não é uma “missão” fácil para muitas mulheres. Na Semana Mundial do Aleitamento Materno, conversamos com uma especialista no assunto para falar sobre as dificuldades que cercam a amamentação e como lidar com elas, para que mãe e filho tirem todos os proveitos desse ato de amor.
Uma das maiores preocupações das mães é: “será que meu leite vai descer da maneira correta?”. Segundo a consultora em amamentação, Daniela Marchiori Flores, fatores como estresse e nervosismo podem inibir a produção do leite. “O hormônio do estresse é inversamente proporcional à descida do leite, então é importante que a mãe esteja calma e descansada”, explica. “Já elementos como uma boa alimentação e hidratação, além do estímulo do bebê, mamando regularmente, podem ajudar a aumentar a produção de leite”, complementa.
Listamos alguns dos obstáculos enfrentados pelas mães no período da amamentação e o que fazer para enfrentá-los da melhor forma. Confira:
Dor
Aqui uma mensagem muito importante: amamentar não dói! E principalmente, amamentar certo não machuca o mamilo. “A mãe que estiver sentindo dor nos mamilos ao amamentar, possivelmente está usando a técnica de amamentação incorreta – o que pode ser tanto a ‘pega’ quanto a posição ou até o manejo com o bebê” esclarece Daniela. A pega incorreta leva a machucados nos mamilos, as chamadas fissuras mamilares. “Para evitar a dor e os machucados, é muito importante a correção da ‘pega’”, explica a consultora.
Dificuldade de “pega”
Existem casos em que os bebês têm mais dificuldade em efetuar uma “pega correta” e executar a sucção de mamada certa. “É importante ter um olhar especial para cada caso, pois há bebês que têm a língua um pouco mais presa, por exemplo, e isso também interfere na questão”, salienta Daniela.
Mamilos mais planos ou invertidos podem (não é regra!) levar a maiores dificuldades na hora da amamentação, mas existem formas de resolver esses empecilhos. “Em alguns casos é possível estimular o mamilo e ele produz o suficiente para o bebê ou podemos usar acessórios de amamentação (quando necessário), que podem ajudar a mãe nesse processo. E aqui cabe salientar que isso deve ser avaliado caso a caso, e a indicação é muito individual”, ressalta a profissional.
Pensando em pega correta, também deve ser considerada a posição certa para amamentar, que é aquela onde mãe e bebê, estejam confortáveis. “A amamentação tem de ser um momento de prazer para os dois! É importante observar que o bebê esteja bem de frente para o corpo da mãe, mantendo o corpo e a cabeça do bebê alinhados. E independente da posição eleita, é imprescindível que o queixo do bebê fique encostado na mama e o nariz afastado”, orienta.
Baixa produção de leite
De acordo com Daniela, há vários fatores que contribuem tanto para o aumento, como para a baixa produção de leite materno. Entre eles estão:
1. Ingestão de água pela mãe: a mãe precisa de grande volume diário de água (água mesmo, no máximo chá);
2. Alimentação da mãe: é muito importante que a mãe que está amamentando esteja muito bem alimentada, evitando dietas com restrições calóricas nesse período;
3. Descanso: descansar sempre que possível. Sim, é algo muito difícil em alguns momentos, mas é imprescindível que a mãe tenha períodos de descanso, isso faz muita diferença na produção de leite;
4. Estímulo na mama: quanto mais o bebê mama, mais leite a mãe produz! Importante frisar que aqui falamos do volume que o bebê mama, e isso nem sempre está ligado ao tempo de mamada.
Informações padronizadas
Há uma enxurrada de informações sobre amamentação em diversos canais, porém, a maioria delas coloca a mães em uma espécie de “produção em massa” e dita regras, como por exemplo: “é preciso amamentar por ‘X’ minutos em cada mama”. Porém, é importante ressaltar que que as mães não são iguais e nem estão nas mesmas condições (emocionais, físicas, financeiras…). Da mesma forma, cada bebê também tem suas peculiaridades. “Isso cria uma expectativa, cobrança, culpa e decepção na maioria das mães, pois simplesmente elas não vão se enquadrar naquele modelo. Porém, elas não são um modelo único, e nem os seus bebês”, reforça Daniela.
Não há regras absolutas quanto a amamentação. “O mais importante é saber reconhecer o binômio mãe-criança. Sendo que cada um deve ser respeitado em suas particularidades e seu ritmo”, destaca a consultora.
Falta de apoio familiar
De acordo com Daniela, a rede de apoio familiar durante a amamentação garante, pelo menos, 50% de sucesso na missão. “A mãe também precisa saber aceitar essa ajuda, assim como a pessoa que está ao lado saber oferecer o apoio – ajudando da maneira que ela quer ser ajudada. Então mesmo que eu já tenha tido 10 filhos e queira ajudar com a experiência, tenho que saber que agora é a hora daquela mãe exercer a sua maternidade. Então, ela vai querer fazer do jeito dela e temos que respeitar isso, sem julgar e impor vontades da gente”, finaliza.
Fonte: Correio do Povo