TopAd-Desk
TopAd-Mob
Início Variedades e Entretenimento Adolescência: os desafios de estudar online

Adolescência: os desafios de estudar online

A educação foi um dos setores mais afetados nos últimos meses. As escolas têm tido o missão de conquistar a atenção dos estudantes, agora de forma virtual – e para os adolescentes, que já vivem uma fase de adaptação natural, o desafio pode ser ainda maior.

Segundo a psicóloga e pesquisadora dos programas de pós-graduação em Educação da PUC-RS, Andreia Mendes dos Santos, a principal ferramenta que a escola e os professores devem utilizar com os estudantes e suas famílias é o diálogo. “Tanto para explicar suas estratégias, quanto para acolher e assim continuar desempenhando esse importante papel social. Nestes tempos de reinvenção, os processos de aprendizagem migraram para dentro das casas e, portanto, utilizar esse cotidiano pode ser uma estratégia possível para ensinar de forma remota”, explica Andreia. “Outro desafio é conectar-se. A pandemia nos trouxe medos, incertezas. Ainda não temos soluções para a mesma, mas podemos buscar compreender suas causas, seus impactos. Pela pesquisa o estudante trilha diferentes conteúdos e os conecta com aquilo que lhe faz sentido”, complementa.

Clique aqui e receba notícias de Chapecó e Região pelo WhatsApp!

Para Andreia, entre os principais desafios enfrentados pelos alunos neste período está a “migração” ao modelo adotado pela escola e o longo processo de adaptação (do aluno, do professor, da família) que se construirá a partir de então. A começar pela própria escola, que em caráter de emergência precisou inventar um outro jeito de construir processos de ensino e aprendizagem. “Não temos um projeto de educação básica nos moldes de processos remotos. E outro elemento que é importante pontuar é que nem sempre, o modelo adotado corresponderá às necessidades do estudante. E aqui falamos de questões pedagógicas e estruturais, como acesso à internet, computadores, etc”, explica a profissional. “Temos casos de irmãos que, enquanto um desenvolve suas atividades durante a aula online, o outro tem maior dificuldade para se concentrar”, aponta.

Outro desafio enfrentado é a escola em casa. “A falta do lugar da escola pode significar o não pertencimento a essa. O deslocamento, o uniforme, dos sinais entre um período e outro, independente da escola, ela possui uma organização que não é ao acaso, nem por conveniência. Crianças e adolescentes ainda necessitam de auxílio para construírem sua própria organização, e a escola também tem essa função”, explica Andreia.

Nesse sentido, os pais desempenham papel central da situação e o ideal é que haja uma parceria com a escola. “Pais são referências aos filhos, modelos. A família precisa conversar sobre a pandemia, juntos precisam se fortalecer porque também foram afetados. Ajudar o adolescente a se reorganizar, pois uma nova rotina deve ser pensada. Pais devem ficar atentos aos sentimentos dos filhos”, esclarece a profissional.

A convivência entre colegas agora é virtual

As relações, diálogos e a convivência na escola são importantes para o desenvolvimento humano. Podemos pensar que isso também ocorre em outros lugares – e é verdade – mas na escola há um terceiro elemento (o professor) que também vai ser o mediador das relações. “Mesmo que muitos de nossos jovens sejam acostumados a se comunicarem de forma virtual, a experiência da convivência foi alterada e, mesmo que estejamos conectados, não será a mesma”, aponta Andreia.

Na escola, crianças e adolescentes têm muitas de suas primeiras experiências numa relação com seus pares, ou seja, entre amigos, e isso é um franco exercício de cidadania. “O que observamos é que a ausência da escola tem levado muitos jovens ao isolamento social, desmotivação, tristeza e depressão. O adolescente precisa do seu par (amigo, colega, grupo) para a construção do seu próprio eu, porque o outro – que está na mesma condição que ele (é também adolescente) reafirma e fortalece o amigo. Essa é uma das razões para os adolescentes e jovens preferirem andar em grupos”, esclarece.

O excesso de telas

Os adolescentes estão cada vez mais conectados aos seus smartphones. E neste momento, a questão é paradoxal, pois agora precisamos das telas. Porém, Andreia alerta que o pano de fundo continua o mesmo: qual o impacto da exposição, o que é acessado, o que são as relações virtuais? “A tecnologia é um meio para a educação em tempos de pandemia, mas não o objetivo. Infelizmente, estamos necessitando mais das telas para nos aproximarmos. É preciso ter clareza sobre os objetivos do uso que estamos fazendo neste momento”, indica.

Uma preocupação já anterior é a substituição do real pelo virtual, numa espécie de desconexão da realidade. “Outra questão é a precarização das relações. Aulas, reuniões de trabalho, encontros familiares e com amigos têm sido possível pela tecnologia. Mas nos nossos braços não abraçam mais. É sobre isso que precisamos pensar. Muitos conflitos também têm sido deflagrados porque a ausência do outro e o imediatismo que a internet me possibilita ‘autorizam’ a descartabilidade do outro – afinal, algo logo vai substituí-lo. É preciso uma reflexão a respeito deste tema”, alerta a profissional.

 

Fonte: Correio do Povo

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

SideBarAd-Desk/Mob (custom)

MAIS LIDAS

Que venham mais 3 pontos | Coluna Falando de Grêmio

Buenas Gremistada! Na esperança de que todos estejam bem, venho aqui mais uma vez falar do nosso Tricolor, e foram duas vitórias seguidas.Foram duas...

Há pessoas que são como algumas frutas, vão do verde direto para o podre, sem passar pelo maduro | Coluna Era Sol que me...

De minha parte, muitas linhas já foram empreendidas para apontar o que a maturidade não é, e, honestamente, afirmar o que ela é ou...

Bolsonaro edita decreto perdoando crimes de Daniel Silveira, condenado pelo STF

O presidente Jair Bolsonaro editou decreto nesta segunda-feira que concede o "instituto da graça" ao deputado federal Daniel Silviera (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal...

Ciclista é atropelada por ambulância do Samu em SC

Uma ciclista foi atropelada por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Criciúma, no Sul catarinense. A mulher foi levada...
BaseAd-Desk
BaseAd-Mob