O número de vetos do presidente Jair Bolsonaro a projetos aprovados por deputados e senadores, que agardam decisão do Congresso Nacional, chega a 35. Desse total, 16 são de propostas relacionadas aos impactos da pandemia do novo coronavírus.
Na última semana, três vetos tiveram repercussão e manifestações de parlamentares e entidades. Um deles é o que suspende a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de empresas de grandes setores. A proposta havia sido incluída na medida provisória que permite reduzir jornada de trabalho e salário por causa da covid-19.
O Congresso já se articula para derrubá-lo. Um documento assinado por 36 entidades foi encaminhado ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), solicitando que seja mantida a desoneração até 2021, como previsto no projeto. O governo federal justificou que a medida causaria uma queda de arrecadação em 2020.
Uso de máscaras
Na lei sancionada sobre uso de máscara contra covid-19, foi rejeitada a obrigatoriedade de utilização em locais públicos como escolas, comércio e igrejas, além de prisões e estabelecimentos de cumprimento de medidas socioeducativas.
A justificativa é que a obrigatoriedade em locais fechados onde há reunião de pessoas pode implicar violação de domicílio. Na segunda-feira (6), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou requerimento solicitando a imediata devolução do veto presidencial.
Já na lei que determina medidas de enfrentamento à covid-19 em territórios indígenas, foram rejeitados a obrigatoriedade de o governo federal fornecer água potável às regiões, a maior facilidade para o pagamento do auxílio emergencial, linha de crédito e o acesso à internet, para evitar deslocamentos aos centros urbanos.
No mesmo dia, na quarta-feira (6), o ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou que o governo federal adote uma série de medidas para conter o contágio e a mortalidade da covid-19 entre a população indígena.
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Sessão para análise
Quando ocorre um veto presidencial a trechos de projeto aprovado pelo Legislativo, eles são analisados por deputados e senadores. Para que um dispositivo seja derrubado pelo Congresso, são necessários, no mínimo, 257 votos de deputados e 41 de senadores.
O presidente do Congresso, Davi Alcolumbre, chegou a anunciar uma sessão para analisar os vetos em 1º de julho, que não aconteceu. Já o senador Weverton Rocha (PDT-MA) disse esperar que em 16 de julho o Congresso possa deliberar sobre os vetos presidenciais pendentes.
“Espero que todos os líderes se sentem, em especial a oposição e o governo, e tentem fazer um pré-acordo para que, no dia em que for instalada a sessão, seja possível analisar o máximo possível [de vetos], mas sem prejudicar os itens”, disse o senador.
Veja os outros vetos relacionados à pandemia:
– A liberação de R$ 8,6 bilhões para estados, Distrito Federal e municípios comprarem equipamentos e materiais de combate ao novo coronavírus (VET 19/2020).
– Expansão do auxílio emergencial de R$ 600 para outras categorias profissionais como motoristas de aplicativos, pescadores, diaristas e ambulantes de praia.
– Reajuste salarial para servidores públicos civis e militares diretamente envolvidos no combate à pandemia.
– Prazo máximo de 72 horas para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizar a importação e a distribuição de medicamentos e equipamentos contra a covid-19 já liberados para uso no exterior.
– 2020, que concede uma linha de crédito para pequenas e microempresas enfrentarem os efeitos da pandemia de coronavírus. A norma criou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe).
– A carência de oito meses na amortização de empréstimos pelo Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte), em que as parcelas seriam reajustadas apenas pela taxa Selic.
– Uso da telemedicina durante crise do coronavírus
– Projeto que libera o trabalhador de apresentar atestado médico como comprovação do motivo de quarentena, para justificar a falta ao trabalho durante os primeiros sete dias.
– Na lei que suspende pagamentos das parcelas do Fies, foi vetado artigo que tirava do Comitê Gestor do Fies a definição dos cursos que têm direito ao financiamento complementar para estudantes com contratos inadimplentes, vigentes antes da implantação do Novo Fies, em 2017.
– Suspensão das inscrições nos cadastros de empresas de análises e informações de crédito durante a pandemia de covid-19.
– Auxílio financeiro às Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) em razão da pandemia teve veto parcial.
– Ações emergenciais destinadas ao setor cultural durante o estado de calamidade pública provocado pela pandemia de covid-19 tiveram um veto parcial.
– Regime Jurídico Emergencial e Transitório (RJET) no período da pandemia do coronavírus teve veto parcial.
Fonte: R7