O secretário de Saúde, André Motta Ribeiro, disse nesta terça-feira (7) que não há sinalização de que Santa Catarina tenha chegado ao pico da pandemia. Em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina, Ribeiro falou ainda sobre a adoção de medicamentos supostamente preventivos adotados por prefeituras no combate ao coronavírus.
“Nós desconhecemos qualquer tipo de tratamento preventivo, a não ser isolamento social e etiqueta respiratória”, disse Ribeiro.
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O secretário de Saúde destacou que os protocolos clínicos instituídos pelos gestores públicos devem ter a chancela de órgãos regulamentadores, mas disse que notas técnicas orientativas “podem e devem ocorrer”.
Ele disse ainda que os pacientes com suspeita de Covid-19 precisam ser diagnosticados corretamente, monitorados e destacou que cada paciente apresenta um quadro individual.
“Apesar de nós termos alguns locais mostrando ter benefício com algum tipo de abordagem, o fundamental disso é que a decisão é do médico, do paciente. Mas até esse momento, não existe nada cientificamento comprovado para a prevenção”, afirmou.
Para ele, atualmente o estado vive um período de aceleração da transmissão da Covid-19. “Hoje a nossa taxa varia de 1,16 no melhor cenário e 1,30 no pior cenário. Isso significa transmissão exponencial e, por consequência do aumenta do número de casos, aumenta o número de óbitos”, disse.
Distribuição de leitos aos municípios
Nesta terça-feira, a ocupação dos leitos em Florianópolis chegou a 90%, conforme dados do Covidômetro — plataforma mantida pela prefeitura que acompanha a situação da pandemia. Ribeiro afirmou que deve se reunir com os prefeitos e secretários municipais de Saúde da Grande Florianópolis nesta quarta-feira (7) para discutir as ações.
O secretário disse que em todo o estado o governo tem feito o aporte de recursos e discutido a situação com os hospitais. Ele destacou que a implantação de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) depende também de pré-requisitos e necessidades técnicas, além dos leitos e respiradores.
“Nós temos uma dificuldade que é própria das unidades hospitalares e dos municípios, porque não basta ofertar recurso e respiradores. Nós precisamos de insumos e principalmente RH [recursos humanos], essa é uma dificuldade local (…) O que nós precisamos entender é quais os hospitais que, de fato, podem aumentar leitos, tem uma diferença entre querer e poder”, afirmou.
O planejamento inicial previa a oferta de 700 leitos no estado, mas se houver necessidade o número pode ser ampliado, segundo ele. Atualmente, 570 deles já foram ativados, de acordo com o secretário.
Também durante o Bom Dia Santa Catarina, o presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), Orildo Severgnini, afirmou que os municípios “precisam de mais 400 leitos de UTI”. O secretário da Saúde comentou a informação.
“Neste momento, nós temos mais de 400 leitos livres no estado. Este cálculo de que precisa de mais 400 não partiu do planejamento da secretaria de estado”, disse.
O secretário falou ainda sobre o represamento de testes da doença no resultados no Laboratório Central (Lacen), em Florianópolis. Segundo ele, tem tido um aumento no volume de solicitações , que tem resultado em dificuldades pontuais, entre elas na aquisição de insumos. Atualmente, a fila de espera é de 4 mil exames, conforme o secretário.
Regionalização das ações de enfrentamento
Questionado sobre a regionalização das ações de combate à pandemia, André Motta Ribeiro ressaltou que decreto descentralizou as decisões, passando do estado para as prefeituras. Ele afirmou que o estado tem apontado as necessidades e os prefeitos e secretários municipais de saúde têm sido alertados.
“Se houver uma situação de risco maior ou uma inadequação de conduta, o estado tem o papel de fazer a intervenção. Mas entendo que esse á um processo de aprendizado, de discussão, de diálogo. Nós estamos em um caminho bastante interessante. A questão da vigilância e da notificação é papel do estado e isso nós continuamos fazendo”, afirmou.
Liberação de atividades
Após a regulamentação do retorno do futebol e das atividades drive-in, o secretário afirmou que a pasta tem discutido o regramento para a liberação da abertura de museus. Sem mencionar data, ele disse que será publicado decreto após conversa com os setores envolvidos, mas ressaltou que a decisão em permitir o funcionamento cabe aos gestores municipais.
O retorno das aulas, previsto para o mês de agosto, vai depender do cenário epidemiológica do estado, conforme o secretário da Saúde. A orientação é para que um regramento seja criado para preparar o retorno das atividades de forma segura, mas, segundo ele, sem garantias de que isso vá ocorrer. Ribeiro citou ainda que o ensino à distância foi autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) até o fim de dezembro.
“Se lá na segunda quinzena de julho, a partir do dia 20, entendermos que os riscos estão aumentados, obviamente teremos que discutir isso com a secretaria da Educação, com os municípios e com o setor, a possibilidade de adiamento desse retorno”, afirmou.
Fonte: G1