A produção industrial brasileira cresceu 7% em maio frente a abril após tombo histórico e dois meses de queda pela pandemia de coronavírus, de acordo com a PIM (Pesquisa Industrial Mensal), divulgada nesta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Apesar do resultado positivo, o crescimento não foi suficiente para reverter a queda de 26,3% acumulada em março e abril — neste mês, o setor teve o maior encolhimento da série histórica. Segundo o IBGE, os dados refletem os impactos da pandemia de coronavírus na economia brasileira.
Para o gerente da pesquisa, André Macedo, “a partir do último terço de março, várias plantas industriais foram fechadas, sendo que, em abril, algumas ficaram o mês inteiro praticamente sem produção, culminando no pior resultado da indústria na série histórica da pesquisa”.
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A reação de maio, porém, se deve ao péssimo resultado de abril, alerta o gerente. “O mês de maio já demonstra algum tipo de volta à produção, mas a expansão de 7%, apesar de ter sido a mais elevada desde junho de 2018 (12,9%), se deve, principalmente, a uma base de comparação muito baixa. Mesmo com o desempenho positivo, o total da indústria ainda se encontra 34,1% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011”, afirmou.
Em comparação ao mesmo período de 2019, a produção industrial despencou 21,9%. De janeiro a maio deste ano, houve queda de 11,2% no setor e de 5,4% no acumulado dos últimos 12 meses.
O crescimento da indústria em maio foi impulsionado pelo resultado positivo em 20 dos 26 ramos pesquisados.
Os destaques positivos foram o ramo de veículos automotores, reboques e carrocerias (244,4%), que interrompeu dois meses seguidos de queda na produção e marcou a expansão mais acentuada desde o início da série histórica, mas ainda assim se encontra 72,8% abaixo do patamar de fevereiro último, e o segmento de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (16,2%).
Macedo diz que a volta da produção ajudou a obter o crescimento em maio. “As atividades foram impulsionadas, em grande medida, pelo retorno à produção (mesmo que parcialmente) de unidades produtivas, após as interrupções da produção ocorridas em várias unidades produtivas, por efeito da pandemia”, afirma Macedo.
Nesta comparação, 22 dos 26 ramos pesquisados registraram queda na produção em maio de 2020. Segundo o IBGE, “além do efeito-calendário negativo, já que maio de 2020 (20 dias) teve dois dias úteis a menos do que igual mês do ano anterior (22), observa-se a clara diminuição do ritmo da produção devido à influência dos efeitos do isolamento social, que afetou o processo de produção de várias unidades produtivas no país”.
Apesar de ter sido o setor com maior crescimento em comparação a abril deste ano, veículos automotores, reboques e carrocerias (-74,5%) exerceu a maior influência negativa em comparação ao mesmo período de 2019.
Outros resultados negativos vieram dos ramos de máquinas e equipamentos (-35,5%), de metalurgia (-28,0%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-60,8%), de produtos de borracha e de material plástico (-26,4%), de outros produtos químicos (-17,1%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-36,5%), de couro, artigos para viagem e calçados (-56,3%), entre outros.
Entre os quatro setores que cresceram, os mais expressivos foram produtos alimentícios (2,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (1,6%).
Fonte: Portal R7