O Banco Central anunciou na terça-feira (23) medidas para incentivar o crédito a micro, pequenas e médias empresas no Brasil. A ideia é ajudar a destravar o fluxo de empréstimos aos pequenos negócios.
R$ 272 bilhões
é o dinheiro em potencial que pode ser liberado em crédito com as medidas do Banco Central
As pequenas empresas foram atingidas gravemente pela pandemia do novo coronavírus, que desde março afeta de forma mais intensa a população. Com a menor circulação de pessoas e a queda na renda dos brasileiros, a demanda está em baixa.
Isso afeta empresas de todos os tipos, mas tende a ser mais grave para micro e pequenas, que geralmente têm espaço menor do que as grandes para absorver impactos financeiros.
Medidas tomadas pelo governo federal e pelo Banco Central desde o início da pandemia têm sido insuficientes para fazer o dinheiro chegar aos pequenos empresários brasileiros – algo que foi admitido pelo próprio Banco Central.
Abaixo, o Nexo explica a questão do crédito na pandemia e as medidas contidas no novo pacote do Banco Central para tentar resolver esse problema.
O papel dos bancos
Por mais que as medidas anunciadas pelo Banco Central tenham o potencial de liberar até R$ 272 bilhões em empréstimos, não há garantias de que esse dinheiro de fato chegue aos pequenos empresários.
Isso porque, mesmo com as novas medidas e incentivos, o dinheiro ainda terá os bancos como intermediários. Como o dinheiro não vai diretamente do Banco Central para as empresas, as decisões de empréstimo continuam cabendo às instituições financeiras.
Uma possível forma de driblar contingenciamentos de crédito nos bancos privados é usando os bancos públicos para levar o dinheiro aos pequenos empresários. É o que apontou ao Nexo Cristina Helena de Mello, professora de economia da PUC-SP.
“Outra forma é trabalhar com os bancos públicos, porque eles também são direcionadores de crédito. O critério deles não é o critério do acionista, da rentabilidade e do risco. O banco público é um braço de política econômica do Banco Central, então eles são uma outra alternativa”
Cristina Helena de Mello
professora de economia da PUC-SP, em entrevista ao Nexo publicada em abril de 2020
Uma pesquisa feita entre 30 de abril e 5 de maio pelo Sebrae e pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontou que, mesmo nos bancos públicos, os pequenos empreendedores enfrentavam dificuldades para conseguir acesso ao crédito.
Fonte: Nexo Jornal