A OMS (Organização Mundial da Saúde) parece caminhar em descompasso. Pouco mais de 24 horas após a líder do programa de emergências da entidade, Maria van Kerkhove, indicar que a transmissão do novo coronavírus por pacientes sem sintomas parecia ser “rara”, o órgão veio à público para esclarecer que o contágio acontece, sim, mas ainda não se sabe a dimensão. O caso, entretanto, está longe de representar uma situação isolada.
A organização, que tem respaldado ações de combate à pandemia promovidas por agentes públicos em diversos países do mundo —incluindo lideranças brasileiras—, em apenas três meses já suspendeu e retomou estudo clínico com a hidroxicloroquina, “reavaliou” orientações para uso de máscaras e, também, segue sendo criticada pela demora com que classificou a situação epidemiológica mundial como “pandemia”, cerca de 90 dias após os primeiros registros da infecção respiratória em Wuhan, na China.
Demora para reconhecer pandemia
Mesmo com evidências de que o novo vírus havia se espalhado por diversos continentes, a OMS só decretou estado de “pandemia” no dia 11 de março. A demora, no entanto, ainda é criticada por especialistas em saúde do mundo todo, que afirmam que uma indicação mais rápida poderia ter ajudado “frear” a disseminação do Sars-CoV-2.
Semanas antes, no dia 26 de fevereiro, Tedros Adhanom chegou a dizer que não era necessário ter pressa para classificar o surto do novo coronavírus, mesmo com os indicadores mostrando crescimento significativo de ocorrências fora da cidade chinesa.
À época, de acordo com Tedros, o país oriental acumulava 78.190 infectados e 2.718 mortes. Enquando fora, 37 países já tinham 2.790 casos e 44 óbitos.
Aqui no Brasil, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, chegou a reconhecer publicamente que a organização “demorou” para oficializar a situação. Segundo o ex-chefe da pasta, em coletiva de imprensa à época, a declaração tardia influenciou no atraso da adoção de protocolos mais rígidos.
Fonte: R7