A produção industrial brasileira registrou queda de 18,8% em abril na comparação com o mês anterior, refletindo os impactos do isolamento social iniciado em meados de março. As informações foram divulgadas na manhã desta quarta-feira (03) pelo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo o instituto, esta é a queda mais intensa da indústria desde o início da série histórica, em 2002, e o segundo resultado negativo consecutivo, acumulando uma perda de 26,1% no período.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou ainda que, na comparação com abril do ano passado, a produção teve recuo de 27,2%, sexta queda consecutiva e também recorde negativo da série histórica nessa comparação.
A contração, entretanto, foi menor do que a expectativa em pesquisa da Reuters com economistas, de quedas de 29,2% na variação mensal e de 33,1% na base anual.
Depois de dois meses de ganhos no início do ano, a indústria brasileira naufragou com as férias coletivas, paralisações, redução da demanda e isolamento social adotados como medida de contenção à pandemia, e os resultados negativos ainda devem se prolongar.
“Maio é o mês que tem maior presença de empresas fazendo interrupção e paradas, mas é claro que o setor industrial está fora do seu habitual por conta da pandemia e uma interrupção clara na indústria. É um movimento importante de perda de ritmo”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
“É o pior momento da indústria brasileira. O que dá para dizer é que, com o que já foi observado e com dados prévios, a indústria está totalmente fora de seu padrão e de sua rotina usual”, completou.
O mercado já prevê contração de 3,59% da produção industrial este ano, com a economia como um todo retraindo 6,25%, de acordo com a mais recente pesquisa Focus do Banco Central.
Em abril, todas as quatro categorias econômicas apresentaram recuos acentuados, com a produção de Bens de Consumo Duráveis despencado 79,6%, em grande parte pela menor fabricação de automóveis, e de Bens de Consumo Semi e não-Duráveis caindo 12,4%.
A produção de Bens de Capital teve contração de 41,5% em abril, enquanto a de Bens Intermediários caiu 14,8% sobre o mês anterior. Todas marcaram os resultados mais fracos de suas séries históricas.
“Muito dessa queda intensa e espalhamento é fruto do isolamento social por conta da pandemia. Muitas plantas pararam a produção e fizeram paralisações, afetando a produção industrial”, disse Macedo.
Dos 26 ramos pesquisados, a produção caiu em 22, sendo que somente o ramo de veículos automotores, reboques e carrocerias apresentou perdas de 88,5% em meio às paralisações em várias unidades produtivas.
Também se destacaram as perdas na fabricação de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-18,4%), de metalurgia (-28,8%), de máquinas e equipamentos (-30,8%), de bebidas (-37,6%) e de produtos de borracha e de material plástico (-25,8%).
Por outro lado, a produção aumentou em itens essenciais, com destaque em produtos alimentícios (3,3%) e produtos com ambos voltando a crescer após quedas no mês anterior.
“Todos têm ligação com o isolamento social. Alimentos repõem perda do mês anterior e os destaques foram a produção de açúcar com início de safra mais cedo na região centro-sul. Tem também ligação com o consumo doméstico maior como carnes de aves e bovinas impulsando a produção”, completou Macedo.
No primeiro trimestre, o Produto Interno Bruto brasileiro contraiu 1,5%, sendo que somente a indústria recuou 1,4%.
Fonte: CNN Brasil