Um estudo da consultoria americana Kearney que avalia os dados de infecções e mortes causadas pelo novo coronavírus indica que, em um cenário otimista, o número de vítimas da doença no Brasil pode passar de 85 mil no final de julho — um aumento de 226% em relação aos números do Ministério da Saúde coletados em 28 de maio para fazer as projeções.
Os dados, obtidos com exclusividade pela CNN, apontam ainda que em um cenário intermediário as mortes podem chegar a 147 mil – aumento de 465%. Em um cenário mais pessimista, as vítimas fatais passariam de 163 mil, crescimento de 526% no mesmo período.
Em relação ao número de infectados pela Covid-19 até o fim de julho, a Kearsey acredita que o Brasil chegará a entre 1,2 milhão e 2,7 milhões (2,4 a 3,7 vezes cenário atual).
Além disso, se não forem tomadas medidas urgentes, o país pode acabar o ano com cerca de 20,8 milhões de infectados em um cenário pessimista – ante 1,8 milhão no cenário otimista e 14,4 milhões no cenário intermediário – sem previsão de pico.
O número de infecções e mortes foram projetados considerando a continuidade das atuais taxas de reprodução do vírus, mas poderão ser significativamente diferentes caso ocorram mudanças nas políticas de combate à pandemia. Segundo o estudo, a taxa de reprodução está acima de 1 em todos os estados: ou seja uma pessoa contaminada transmite o vírus para pelo menos uma outra pessoa. As autoridades sanitárias consideram que a pandemia está controlada quando esta taxa de reproduçao é inferior a 1.
Recomendações
Para os especialistas da Kearsey, que trabalha com projeção de cenários há mais de 80 anos e está presente em mais de 40 países, os dados mostram que ainda não é o momento para o Brasil implementar uma retomada econômica em larga escala, com o relaxamento das medidas de distanciamento social já que isso poderia aumentar a taxa de reprodução do vírus.
Os pesquisadores afirmam que também é preciso aumentar o número de testes e o rastreamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. O estudo destaca, ainda, que a proporção da subnotificação, ainda desconhecida, “pode gerar grandes mudanças nos cenários esperados”.
Com base nesses números, a consultoria recomenda que o país mude o do modelo de gestão da pandemia de Covid-19. Para a Kearney, é preciso sair do modelo atual de “mitigar a curva — e não ‘achatar a curva’ como divulgado, para o modelo de ‘marretar a curva’, como adotado pela Alemanha, por exemplo”.
“Um ponto importante é que as melhores práticas dos países que atingiram bons resultados no combate a pandemia, não são limitadas a uma única estratégia – como por exemplo lockdown”, aponta consultoria.
Fonte: CNN Brasil