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Colapso no Oeste: Veja como estão os dados de ocupação dos leitos da região

O colapso enfrentado por hospitais do Oeste de SC por conta da lotação em leitos de UTI motiva uma operação para transferência de pacientes a hospitais de outras regiões do Estado. Um paciente foi transferido no domingo (7) e outros deslocamentos devem continuar nos próximos dias.

A situação é motivada pela lotação de leitos de UTI na maior parte das cidades do Oeste. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-SC), a região tinha 97,06% de lotação dos leitos de UTI no fim da manhã desta segunda-feira (8), continuando como a região mais crítica de SC. O Norte aparece em seguida, com 89,87%, e o Sul, de forma contrastante, dispõe da menor taxa de ocupação de vagas na terapia intensiva, com 55,88% dos lugares ocupados.

Seis das oito cidades do Oeste e Meio Oeste que possuem leitos de UTI tinham 100% de ocupação nesta segunda-feira (confira abaixo). Apenas Chapecó (93,55%) e Concórdia (93,75%) não tinham lotação total, mas nessas duas cidades, apenas uma vaga era destinada a pacientes adultos, na cidade de Concórdia – as demais são de leitos neonatal ou pediátricos.

Diante da falta de vagas para novos pacientes que tiverem complicações por conta da Covid-19, as prefeituras organizam com o Estado a transferência para outras regiões, onde há maior oferta de vagas em terapia intensiva. Parte dessas transferências está sendo feita de helicóptero, com apoio da aeronave Arcanjo 02, do Corpo de Bombeiros Militar.

Segundo o governo do Estado, de 1º de janeiro a 4 de fevereiro, 33 pacientes foram transferidos – 11 deles saindo de Chapecó.

Situação nos hospitais do Oeste

O Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, informou que já transferiu 13 pacientes entre os dias 4 e 7 de fevereiro, para as cidades de Concórdia, Lages, Joaçaba, Videira, Itajaí e Caçador. Doze deslocamentos foram feito por terra e um com uso de helicóptero. Mais pacientes aguardam por transferência por aeronave, mas ainda não estão em situação estável que permita o deslocamento, de acordo com o hospital.

Segunda instituição com mais leitos de UTI no Oeste, o Hospital Regional São Paulo, de Xanxerê, emitiu um alerta de superlotação ainda na sexta-feira (5), orientando a população a procurar a rede de atenção básica do município e o centro de triagem de coronavírus. Isso porque a UTI Covid-19 já estava com 100% de ocupação, além de haver pacientes na emergência aguardando por leito para internação.

Até esta segunda-feira, o hospital tinha 100% das 16 vagas de UTI ocupadas e 66% de ocupação nos leitos de enfermaria para pacientes com coronavírus. A UTI geral também apresenta 100% de lotação nos 11 leitos existentes.

O Hospital Regional São Paulo informou que um paciente já foi deslocado para Lages e que na tarde desta segunda-feira, outras duas pessoas esperavam por transferência – um deles estava na enfermaria e aguardava vaga em UTI e outro seguia na emergência, à espera de um leito para internação.

Prefeituras se manifestam sobre transferências e novas vagas

Em um vídeo divulgado nesta segunda-feira, o prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), definiu a situação atual no município como “muito preocupante”. Ele reafirmou a operação em conjunto com o Estado para abrir mais 10 leitos de UTI. A cidade já recebeu uma dezena de respiradores para essas novas vagas, mas ainda faltam profissionais para atuar nesses locais. O município estuda deslocar servidores do município e fazer novas contratações para dar suporte a esses novos leitos.

Rodrigues afirmou que o volume de contágio “subiu acima de média nessa última semana”, mas disse acreditar que com as medidas adotadas por hospital, prefeitura e Estado, a cidade possa se aproximar mais da normalidade.

A prefeitura de Xanxerê afirmou apenas que o sistema de internações é regulado pelo governo do Estado, que é quem deve coordenar possíveis transferências de pacientes do município.

“O vírus não respeita fronteiras”, diz infectologista

A médica infectologista Carolina Ponzi, aponta que a lotação dos hospitais no Oeste de SC pode ser reflexo do relaxamento de medidas de prevenção, como o uso de máscaras e distanciamento social, e também de festas e aglomerações ocorridas entre o final do ano passado e o início de 2021.

– Muitas pessoas foram ao Litoral, onde relaxam um pouco as medidas, e retornaram entre a primeira e a segunda quinzena de janeiro. Chegando aqui, você tem o período de incubação da doença e a primeira semana de sintomas, que não costuma ter complicações ou internação hospitalizar, então quando chega ao final de janeiro realmente explode (a procura por leitos). A gente pode pensar também que as pessoas podem ter se infectado nas festas e ter trazido o vírus para os familiares aqui (no Oeste),e a gente sabe que quanto mais velha a pessoa, maior a chance de ter doença grave e precisar de internação. Historicamente o Sul do país está um ou dois meses atrás do Norte, e agora vemos de novo a mesma história se repetindo – avalia.

Ela ressalta que ampliar o número de leitos, como anunciado em Chapecó, não exige somente investimento e equipamentos, mas também médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, profissionais já escassos devido à alta demanda dos atendimentos durante a pandemia.

– A população tem que olhar para isso. Não é criar pânico, mas já temos pacientes sendo transferidos. Se forem abertos mais leitos, vai ser preciso realocar profissionais de outras áreas, e essas outras áreas vão ficar desassistidas. Se precisar de um leito de UTI por causa de um infarto, um AVC ou outra doença, onde vamos colocar essas pessoas? Não é só a Covid-19, temos as outras patologias também – alerta.

A infectologista diz que os atendimentos aumentaram bastante nas últimas duas semanas e alerta a população para não abrir mão dos cuidados para evitar o contágio pelo coronavírus. Isso pode evitar que outras regiões do Estado não venham a enfrentar situações críticas como a que a rede hospitalar do Oeste vive nas últimas semanas, com lotação na maior parte das UTIs.

– Daqui a pouco as outras regiões vão ter que dar conta dos pacientes do Oeste, que estão sendo transferidos, e mais os pacientes deles. O vírus não respeita fronteiras. Não se sabe se tem ou se poderá ter uma nova cepa por aqui, qual será ritmo de contágio se houver, e se pessoas estão relaxando aqui (no Oeste), certamente estão em outros lugares também, não é exclusividade do Oeste. Então, a população tem que ficar atenta – alerta.

Confira a situação atual de leitos de UTI no Oeste de SC

São Miguel do Oeste

100% de ocupação | 28 leitos ocupados

Maravilha

100% de ocupação | 10 leitos ocupados

Xanxerê

100% de ocupação | 36 leitos ocupados

Chapecó

93,55% de ocupação | 58 leitos ocupados, 4 disponíveis (1 neonatal e 3 pediátricos)

Concórdia

93,75% de ocupação | 30 leitos ocupados, 2 disponíveis (1 neonatal e 1 adulto)

Joaçaba

100% de ocupação | 20 leitos ocupados

Videira

100% de ocupação | 17 leitos ocupados

Caçador

100% de ocupação | 17 leitos ocupados

Fonte: NSC

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