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Cartões corporativos da Presidência de janeiro a março deste ano, somaram R$6,2 milhões

Gastos com cartões corporativos da Presidência nos 3 primeiros meses de 2020 são os maiores desde 2013

De janeiro a março deste ano, os valores somaram R$ 6,2 milhões; ano passado foram R$ 2,5 milhões no mesmo período. Planalto atribuiu aumento a viagens e disse que gastos da residência oficial diminuíram.

Os gastos sigilosos com cartões corporativos da Presidência da República no começo de 2020 já são os maiores dos últimos oito anos. O aumento de despesas foi revelado pelo jornal “O Estado de S.Paulo” no fim de semana, e os dados foram confirmados pela TV Globo nesta terça-feira (12).

Os cartões da Presidência são usados, por exemplo, para pagar despesas ligadas ao presidente e seus parentes. As despesas incluem viagens nacionais e internacionais, serviços e abastecimento de veículos oficiais que servem o presidente e gastos de rotina do Palácio da Alvorada, como aqueles com alimentação, bebida e para recepções.

Só de janeiro a março deste ano, os valores somaram R$ 6,2 milhões (R$ 6.214.967,31), mais que o dobro do mesmo período do ano passado. De janeiro a março de 2019, os gastos com cartão corporativo da Presidência foram de R$ 2,5 milhões (R$ 2.513.286,42).

Os dados se referem à Secretaria de Administração da Presidência, ao Gabinete de Segurança Institucional e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Eles são divulgados somente em valor total, sem detalhamento de quem gastou e do que foi comprado.

A secretaria-Geral da Presidência informou, por meio de nota, que as despesas com a residência oficial estão menores que as médias dos anos anteriores e atribuiu os gastos às viagens nacionais e internacionais do presidente. A TV Globo pediu os dados detalhados, mas não havia obtido resposta até por volta de 14h50.

Cartão usado para repatriar brasileiros

Nesta segunda-feira (11), o presidente Jair Bolsonaro postou uma mensagem nas redes sociais para justificar os gastos. Segundo a publicação, três aviões vinculados à Presidência foram enviados a Wuhan, na China, onde começaram a ser divulgados os primeiros casos do novo coronavírus, para buscar brasileiros que estavam isolados.

Bolsonaro informou que o custo, pago com cartão corporativo, foi de R$ 740 mil. O Ministério da Defesa confirmou que todos os gastos da operação que trouxe brasileiros de Wuhan foram feitos com cartão corporativo do Palácio do Planalto. Já as despesas com os repatriados no Brasil ficaram a cargo do Ministério da Defesa.

Ainda de acordo com o post do presidente, ao contrário do que havia sido noticiado, retirando as despesas extraordinárias, os gastos com cartão corporativo seguem abaixo da média de anos anteriores.

No entanto, mesmo descontadas as despesas para repatriação dos brasileiros que estavam na China, 2020 teve o maior gasto com cartão corporativo nos três primeiros meses do ano desde pelo menos 2013 – total de R$ 5,4 milhões.

De acordo com dados mais antigos disponíveis no Portal da Transparência do governo federal, até então o maior valor para este período era de 2014, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Naquele ano, foram R$ 4,7 milhões (R$ 4.765.802,69), em valores corrigidos pela inflação.

No governo Bolsonaro, os gastos dos cartões corporativos da Abin também cresceram muito. De janeiro a março do ano passado, foram R$ 750 mil. Em 2020, no mesmo período, foram mais de R$ 2,5 milhões, maior valor desde pelo menos 2013.

Bolsonaro prometeu divulgar gastos

O presidente Jair Bolsonaro sempre adotou um discurso crítico ao excesso de gastos dos cartões corporativos e condenava, principalmente, a falta de transparência na prestação de contas do uso do dinheiro público. No ano passado, ele disse que iria divulgar publicamente as informações detalhadas dos gastos pessoais dos cartões corporativos dele.

“Vamos fazer uma matéria amanhã? Vou abrir o sigilo do meu cartão. Não precisa quebrar o sigilo. Vou abrir o sigilo do meu cartão. Pra tomarem conhecimento quanto gastei de janeiro até o final de julho. Ta ok, imprensa?”, declarou Bolsonaro durante em live em rede social em agosto de 2019.

Para o diretor-executivo da Transparência Internacional,Bruno Brandão, os dados não deveriam ser segredo, pois na maioria dos países democráticos os gastos do presidente da república são muito mais transparentes.

A divulgação detalhada, no entanto, não foi feita. O argumento do governo é de que a divulgação das informações colocaria em risco a segurança do presidente e seus parentes.

“Muitas vezes isso representa um exemplo para toda a administração pública, que o compromisso com a transparência do gasto público deve vir de cima para baixo. É claro que existem algumas rubricas que podem dizer respeito a gastos que envolvam riscos de segurança, mas especificamente essas rubricas podem ser tratadas de uma maneira especial com algum tipo de controle.

Mas de modo geral a regra no mundo civilizado é a transparência dos gastos presidenciais, disse Brandão.

Fonte: G1

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