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Uso indevido de vitaminas preocupa especialistas

Um recente levantamento feito pela consultoria IQVIA, a pedido dos Conselhos Regionais de Farmácia, aponta o aumento significativo nas vendas de alguns medicamentos no primeiro trimestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado.

O motivo é a suposta ligação dos remédios com a Covid-19, que ganhou repercussão nas redes sociais por meio de fake news. No estudo, chama a atenção o aumento na procura da vitamina C (180,01%) e da vitamina D (35,56%).

Porém, especialistas alertam para os riscos do uso indevido desses medicamentos para a saúde. “A vitamina C está dentro do grupo das vitaminas hidrossolúveis, ou seja, seu excesso será eliminado pela urina.

Entretanto, seu uso inadequado pode ocasionar cálculo renal, em decorrência do aumento da excreção urinária de oxalato de cálcio”, explica a endocrinologista Fabiola Costenaro.

No caso da vitamina D, os problemas podem ser ainda mais graves, pois ela faz parte das lipossolúveis, ou seja, seu excesso fica armazenado no tecido gorduroso, não sendo, portanto, eliminado pelo corpo.

“Seu uso indevido pode ocasionar problemas graves à saúde, especialmente por aumentar os níveis de cálcio (hipercalcemia) no sangue.  Entre os possíveis efeitos adversos encontrados, podemos identificar alterações neurológicas como modificação do comportamento; gastrointestinais, como constipação ou anorexia; cardiológicas, como arritmias, além de insuficiência renal e fraqueza muscular”, reforça Fabiola.

A também endocrinologista Carla Blom adverte que cada vez mais há pessoas buscando suplementação vitamínica sem acompanhamento médico, pela promessa de benefícios milagrosos.

No entanto, segundo a médica, vale revisar o que existe de estudos sobre o tema. “Sobre a vitamina C, há pesquisas que sugerem uma menor duração do resfriado comum em indivíduos que suplementam para prevenir doenças. Ainda assim, nestes estudos as doses utilizadas eram baixas e sempre sob orientação e acompanhamento de um médico”, explica. “

Já para a vitamina D, é fato que em países ou estações com menor exposição solar, há maior prevalência de sua deficiência. No entanto não há indicação de suplementação universal durante o inverno, por exemplo”, esclarece a profissional.

Mantendo as vitaminas em dia

Hábitos diários como a alimentação podem ser grandes aliados para manter a dosagem correta das vitaminas no organismo, sem que seja necessária a suplementação.

Em relação à vitamina C, o consumo de frutas cítricas como laranja, limão, bergamota, tomate e vegetais como couve de bruxelas, couve-flor, batata, brócolis, repolho e espinafre já são suficientes para se atinja a quantidade necessária, em pessoas saudáveis.

No que diz respeito à vitamina D, a recomendação é a exposição solar, nas áreas do tronco, braços ou pernas, sem uso de protetor solar ou proteção de vidros, em  horários em que haja sol mais forte.

“O tempo necessário de exposição depende de vários fatores individuais como idade, coloração da pele, tamanho da área em contato com o sol, intensidade do sol, entre outros fatores. Entretanto, para pessoas jovens, sem problemas de saúde, uma exposição diária de 10 a 30 minutos tende a ser suficiente”, explica Fabiola.

As duas especialistas reforçam que a suplementação de qualquer uma das vitaminas deve ter orientação médica a respeito da real necessidade e da dosagem correta e segura para cada indivíduo.

 

Fonte: Correio do Povo