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Estudo aponta: Torcedores só poderão voltar a competições com criação de vacina

"Imagine alguém infectado no meio de 10 mil pessoas. O que pode acontecer?", disse o coordenador do estudo — Foto: Getty Images

Instituto da UFPR realiza análise, que será encaminhada para secretaria nacional dos Esportes, que trata dos cenários de retorno. Com público, a situação deve ser ainda mais distante

O Instituto de Pesquisa de Inteligência Esporte, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em conjunto com o coordenador da comissão de integridade da Federação Paulista de Futebol (FPF), o advogado Paulo Schimitt, idealizou um documento com recomendações e orientações gerais para o esporte brasileiro durante o período da Covid-19.

O GloboEsporte.com teve acesso ao documento e conversou com os idealizadores, o coordenador do Instituto de Pesquisa de Inteligência do Esporte, Fernando Mezzadri, e com o o advogado Paulo Schimitt.

O estudo aponta diversos cenários a serem seguidos para a retomada das atividades em diversas modalidades esportivas no país. Baseado em relatórios da Organização Mundial da Saúde (OMS), de Institutos americanos e australianos, os pesquisadores da UFPR acreditam que jogos com torcida no país só poderão ser realizados quando houver uma vacina e que ainda não é o momento para os clubes retomarem as atividades nos centro de treinamento.

O retorno da torcida é colocado com o cenário 4, onde o cenário 1 é o atual, com apenas liberação para atividades esportivas individuais e nenhum tipo de exercício ou prática esportiva coletiva. A previsão para que exista uma vacina para o Covid-19 e ela possa ser distribuída em massa é para 2021.

“A retomada total das atividades esportivas e competições só será possível com a existência de medicamento retroviral eficaz ou vacina que previna e proteja tanto os praticantes/atletas quanto os espectadores”, define o estudo.

– A gente não está nem pensando em torcida. Torcida é em um cenário quatro, em uma retomada total quando tiver vacina. Não tem nível de segurança para dizer em qual cenário sem vacina poderia fazer aglomeração. Isso só quando tem medicamente antiviral eficaz, ou vacina, disse Paulo Schimitt.

– Imagine alguém infectado no meio de 10 mil pessoas. O que pode acontecer? Choca sim, mas temos que respeitar o que os estudos estão apontando. Temos acompanhando diariamente a perspectiva para uma vacina, mas isso ainda está em um médio plano, afirmou Mezzadri.

Cenários para retorno de atividades esportivas

O documento vai ser encaminhado nesta terça-feira para a Secretaria Nacional de Esporte de Alto Rendimento (SNEAR), que está dentro do Ministério da Cidadania e tem como principal objetivo servir de fundamentação para diversos cenários dentro da pandemia.

Ele aponta, por exemplo, que o país está no cenário 1, e indica que só pode ser alterado para o cenário 2, com treinos presenciais, quando os casos de contaminação começarem a diminuir. O Brasil vive um crescimento diário de casos de Covid-19 e atualmente tem 11 mi mortes em 164 mil infectados.

– Se não, a gente começa a fazer o que está vendo, uma série de ações descoordenadas, desestruturadas e cada um fazendo ao seu modo e isso vai trazer prejuízos para o esporte. Porque você imagina se uma infecção acontece, se uma morte possa vir a acontecer numa retomada esportiva, além da vida não ser recuperável, o que não pode afetar o próprio produto esportivo que estamos querendo preservar. Então tem que ter muito cuidado, ressaltou Schimitt.

– Como pesquisador, me sinto na obrigação de atender avançar no sentido que a Organização Mundial da Saúde esta indicando. Eles estão indicando em manter isolamento social, então não é o momento de ir para os treinamentos, considerando que estamos no primeiro cenário ainda.

Nós somos muito claros na defesa do que os cientistas da área estão indicando. Ainda estamos no momento em que os casos estão aumento e só quando começar a cair poderemos começar as atividades para o cenário 2, revelou o coordenador Fernando Mezzadri.

Foto: Reprodução

– A ideia era ter um documento que pudesse balizar as organizações esportivas em geral na questão do Esportes em tempo de pandemia. Estava faltando. A gente percebeu que tinha muita especulação em torno do tema, e a gente queria trabalhar em um nível de orientações e recomendações gerais.

A gente fixou varias premissas, estudos científicos, para servir de fundamentação para diversos cenários que imaginamos possíveis e viáveis, para o esporte em diversas contextualizações. O grande problema hoje é o seguinte, todos queremos que o esporte volte o mais cedo possível, mas ele só pode retornar o mais tarde quanto necessário, afirmou o advogado.

De acordo com as pesquisas científicas feitas pelo instituto é difícil ainda fazer uma previsão para o retorno das atividades. Mas em uma visão mais otimista, bola rolando no Brasil, na opinião do estudo somente depois de agosto.

– Alguns estudos falam em previsões otimistas em agosto a outubro. Mas a gente tem cenários que projetamos, que o primeiro cenário que é o de isolamento mas com atividade físicas permitidas individuais, para a manutenção da saúde são imediatas. Depois temos cenários 2 e 3 que são cenários de retorno gradativo, que é curto, médio e longo prazo.

E a última de retomada total só longo prazo, sempre, em todas as hipóteses, mediante as autoridades locais, municipais e estaduais. E todo nosso estudo parte de uma premissa muito importante, que é o estudo que foi feito pela organização mundial da saúde que foi feito sobre cenário e competições.

Fonte: Globo Esporte