São Paulo – A seção sindical dos Docentes da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) protocolou denúncia contra o reitor Marcelo Recktenvald por atos antidemocráticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Ministério Público Federal (MPF) e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. A gota d’água foi uma postagem em seu Twitter, em que o reitor afirma que “um cabo e um soldado resolveriam essa questão. Tenho a impressão de que nossas instituições estão perdidas”.
O post foi feito em 27 de maio, dia em que o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou a quebra de sigilo de investigados de financiar grupos de disseminação de fake news e autorizou busca e apreensão na casa de aliados do presidente Jair Bolsonaro. A receita do “cabo e um soldado para fechar o STF” é referência direta à declaração, em julho de 2018, pelo atual deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Interventor
Recktenvald foi nomeado interventor por Bolsonaro e Abraham Weintraub em setembro de 2019. Seu nome não estava entre os escolhidos no processo interno para reitor da UFFS.
Após assembleias consultivas com a comunidade universitária, o Conselho Universitário aprovou proposição de destituição de Recktenvald por 35 votos a 12. Em 12 de novembro, uma comissão protocolou pedido na Presidência da República que, sem resposta, foi parar na Justiça.
Segundo a diretoria da seção sindical, “críticas às autoridades constituídas fazem parte da democracia, entretanto não pode ser tolerada a apologia da destruição do regime democrático. Enquanto dirigente de autarquia federal, Recktenvald tem ainda outros deveres adicionais na sua relação com os demais poderes”.
Para o diretor do SINDUFFS e professor da UFFS Ricardo Machado, a afirmação de reitor não causa surpresa. “O interventor só explicita seu desprezo pelas instituições democráticas. Hoje, infelizmente, a UFFS é um exemplo do risco que todas as instituições correm ao ter que conviver com um dirigente não eleito e que não está à altura da função que exerce.”