A maioria das indústrias gráficas no País teve queda na produção devido à pandemia causada pelo novo coronavírus. Para debater os desafios do setor, o Núcleo das Indústrias Gráficas da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) promoveu uma reunião online com o presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf Nacional), Levi Ceregato.
Ele apresentou o panorama no Brasil e ressaltou a necessidade de inovação para superar a crise.
De acordo com a pesquisa “Impacto da Covid-19 na Indústria Gráfica”, realizada pela Abigraf, 92,1% das empresas tiveram queda de demanda neste ano, 64,2% continuam operando parcialmente, 23,7% não estão trabalhando e 12,1% continuam com as atividades normais.
Das gráficas que responderam a pesquisa, 76,8% adotaram algum tipo de rodízio de turnos na parte operacional para diminuir o contato entre os funcionários e 100% adotaram medidas de segurança para evitar o contágio do vírus, como álcool em gel, máscaras, distanciamento entre os funcionários e medição de temperatura.
A pesquisa mostrou também que 35,3% das empresas precisaram demitir funcionários; 54,7% pretendem adotar alguma linha de crédito para apoio às necessidades de capital de giro ou para pagamento por dois meses da folha salarial, mas estão com dificuldades de acesso junto aos bancos; 33,2% não adotarão linhas de crédito; 10% conseguiram linhas de crédito em bancos privados e 2,6% conseguiram via BNDES; 90% tiveram clientes que pediram prorrogação ou desconto de pagamentos e 64,2% tiveram que fazer alguma negociação com fornecedores ou rever contratos.
Dos recursos anunciados pelo governo, Ceregato destacou que poucas gráficas conseguiram aderir. “A pesquisa foi realizada com 200 empresas e apenas uma conseguiu capital de giro para a folha de pagamento. No Brasil, tem 20 mil indústrias gráficas, 95% delas são micro e pequenas, em média com dois sócios, ou seja, são empresas que precisam de ajuda e estão desamparadas”.
Além da dificuldade de crédito, o presidente observou que a prorrogação de alguns tributos não resolve o problema. “É anestesiar, porque daqui alguns meses terá o imposto do mês, mais o que foi prorrogado para pagar”.
Ceregato enfatizou que as indústrias gráficas do Brasil importaram R$ 10 bilhões em máquinas nos últimos dez anos. “Temos equipamentos de ponta, colaboradores bem preparados e somos criativos.
Isso é fundamental para sairmos da crise”, comentou, acrescentando que as empresas dos setores de embalagens, etiquetas e rótulos são as que menos sentem os efeitos da crise.
Para superar esse momento de pandemia, a sugestão do presidente da Abigraf Nacional é que cada empresa se aproxime dos clientes e converse, buscando soluções conjuntas. “Desde março já emitimos mais de 60 comunicados para os associados com as ações que estamos adotando. Porém, é preciso ter em mente que a recuperação não será rápida”, frisou.
De acordo com Ceregato, uma alternativa é inovar, buscando novos mercados. “O setor de comunicação visual está crescendo e pode ser uma opção de mercado. Nós somos empresários, acreditamos, investimos, assumimos riscos. Empresários são pessoas vencedoras que fazem acontecer.
Acredito no mercado gráfico, ele não desaparecerá. Não vamos mudar de ramo, vamos mudar de rumo. Mais do que nunca temos que conversar mais, negociar e fidelizar clientes, eles precisam perceber que produzimos produtos importantes para eles e que eles são importantes para nós. É necessário mais trabalho nesse período e sermos positivos”, recomendou Ceregato.
O coordenador do Núcleo das Indústrias Gráficas, Flavio Antonio Raimann, realçou que a apresentação do cenário nacional do setor contribui para repensar os negócios. “Todo o segmento passa por dificuldades. Por meio do núcleo, discutimos os desafios que temos pela frente e buscaremos, de maneira conjunta, soluções para enfrentar e superar esse período”, concluiu.
Fonte: MB