Pelo menos 49 municípios de Santa Catarina teriam aplicado cerca de 653 doses vencidas da vacina Astrazeneca. As informações foram publicadas em reportagem nacional da Folha de São Paulo, nesta sexta-feira (2), com dados que constam nos registros oficiais do Ministério da Saúde.
Em nota, a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa Catarina), informou que boa parte dos casos citados se tratam, na verdade, de erro nos registros. “Um ofício foi encaminhado aos municípios para que investiguem caso a caso, corrijam e deem um retorno ao Estado até segunda-feira (5)”, diz o comunicado.
O levantamento estima que 25.935 doses vencidas foram aplicados em 1.532 municípios brasileiros. O montante faz parte de oito lotes da vacina Astrazeneca, importados ou adquiridos por consórcio e entregues de janeiro a março, ainda antes do vencimento.
> Fiocruz diz que não fabricou vacinas que foram aplicadas vencidas
Por meio deles foram entregues quase 3,9 milhões de doses, mas a maior parte foi aplicada no tempo correto. Há ainda 140 mil imunizantes que não foram utilizadas dentro do prazo de validade, detalha a reportagem. Doses vencidas comprometem a imunização contra Covid-19.
Cidades de SC que teriam aplicado doses vencidas
São Francisco do Sul foi o município catarinense que mais aplicou doses vencidas. Foram 142 aplicações, o que o coloca na 20ª posição do ranking nacional. Tubarão foi o segundo, com 104 doses (30º no país), seguindo por Camboriú (59 doses, 65º).
Confira todos os municípios na lista abaixo. A posição indicada é referente ao lugar do município no ranking nacional.
20º – São Francisco do Sul (142 doses)
30º – Tubarão (104 doses)
65º – Camboriú (59 doses)
78º – Chapecó (50 doses)
80º – Criciúma (49 doses)
113º – Canelinha (36 doses)
134º – Anitápolis (30 doses)
166º – Santo Amaro da Imperatriz (24 doses)
186º – Jacinto Machado (20 doses)
201º – Lauro Muller (19 doses)
238º – Palmitos (15 doses)
324º – Ponte Alta (10 doses)
405º – Seara (7 doses)
444º – Meleiro (6 doses)
495º – Barra Velha (5 doses)
496º – Cunha Porã (5 doses)
497º – Garuva (5) doses
498º – Herval D’Oeste (5 doses)
499º – Imbituba (5 doses)
500º – Joinville (5 doses)
501º – Balneário Piçarras (5 doses)
502º – Rio das Antas (5 doses)
503º – São José (5 doses)
575º – Correia Pinto (4 doses)
576º – Timbé do Sul (4 doses)
691º – Florianópolis (3 doses)
923º – Biguaçu (2 doses)
924º – Blumenau (2 doses)
925º – Gravatal (2 doses)
926º – Mondai (2 doses)
927º – São José do Cedro (2 doses)
1.450º – Arabutã (1 dose)
1.451º – Balneário Camboriú (1 dose)
1.452º – Balneário Gaivota (1 dose)
1.453º – Benedito Novo (1 dose)
1.454º – Brusque (1 dose)
1.455º – Caçador (1 dose)
1.456º – Campo Erê (1 dose)
1.457º – Cocal do Sul (1 dose)
1.458º – Gaspar (1 dose)
1.459º – Joaçaba (1 dose)
1.460º – Maravilha (1 dose)
1.461º – Monte Carlo (1 dose)
1.462º – Pouso Redondo (1 dose)
1.463º – Rio do Campo (1 dose)
1.464º – Rio do Sul (1 dose)
1.465º – Santa Cecília (1 dose)
1.466º – Trombudo Central (1 dose)
1.467º – Xanxerê (1 dose)
Lotes e orientações
Os seguintes lotes, mostrados na imagem abaixo, constam com vacinas aplicadas fora da data de validade. Para conferir se foi tomada algum dos lotes citados fora do prazo de vencimento (segunda coluna), é necessário verificar a carteira individual de vacinação.
As orientações para quem tomou a vacina vencida partem do Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação e do Ministério da Saúde. Os atingidos devem procurar um posto de saúde com a carteira de vacinação, para registro do erro e para receber orientações.
É necessário ainda se revacinar em pelo menos 28 dias depois de ter recebido a dose administrada equivocadamente. A vacina vencida não tem efeito de imunização.
Municípios investigarão casos, diz Dive
Segundo a Dive/SC (Diretoria de Vigilância Epidemiológica), boa parte dos casos citados pela Folha se tratam, na verdade, de erro nos registros. “Um ofício foi encaminhado aos municípios para que investiguem caso a caso, corrijam e deem um retorno ao Estado até segunda-feira (5). Vários municípios já entraram em contato com a Diretoria, informando que já estão corrigindo os problemas apontados”, detalhou a Dive.
A orientação é que os municípios que registrarem aplicação da dose da vacina contra a Covid-19 com lote após o prazo de validade reporte a Dive, que analisará cada caso. A Diretoria é responsável pelo recebimento, armazenamento e logística de distribuição das vacinas aos 295 municípios catarinenses.
Na vacinação em Santa Catarina, é seguido “padrão rigoroso de conferência de todos os prazos de validade nos procedimentos de recebimento e distribuição, e não envia fora do prazo de validade para os municípios”, assegura.
Investigação
Para aferir a aplicação de doses fora da validade, a reportagem cruzou dados de duas bases do governo, o DataSUS e Sage (Sala de Apoio à Gestão Estratégica). O primeiro identifica as pessoas imunizadas por meio códigos, detalhando a idade e o grupo prioritário, assim como a data da imunização e o lote da vacina recebida.
Já o segundo é referente aos imunizantes recebidos no Brasil. O Sage conta com os comprovantes de entrega das vacinas em cada Estado. O sistema possibilita saber o número do lote, a data de validade, o fabricante e quando ocorreu a entrega aos Estados.
Mais de 1,5 mil municípios
Os casos mais graves teriam ocorrido fora de Santa Catarina, mostra o levantamento. Maringá, no Paraná, é o município que mais teria aplicado doses vencidas. São 3536 doses pessoas vacinadas com imunizantes fora da validade.
Em seguida vem Belém, no Pará, com 2673 doses, a capital de São Paulo (996), Nilópolis, no Rio de Janeiro (852) e Salvador (8224). Os demais municípios brasileiros não ultrapassaram a aplicação de 700 vacinas vencidas e a grande maior não passou das dez doses, segundo a reportagem.
O levantamento também cita outras 114 mil doses da Astrezeneca que foram entregues fora do prazo de validade, a todo o país. Ainda não está claro se elas foram descartadas ou continuam sendo aplicadas.
Contrapontos
Municípios de Santa Catarina se manifestaram por meio de nota sobre o levantamento nacional. Eles negam a aplicação de doses fora do prazo de validade, e mencionam, principalmente, erro na hora de registrar os dados da vacinação.
Chapecó
Chapecó negou a aplicação de doses vencida. “A Vigilância em Saúde de Chapecó informou que não procede a informação de que teriam sido aplicadas doses de vacinas da Covid vencidas no município. Todas as doses que chegaram em Chapecó foram conferidas e tinham um largo prazo de validade no rótulo”, informou a prefeitura em nota oficial.
Xanxerê
Xanxerê afirmou que a informação não procede e que o município não recebeu dose vencida. Além disso, salientou que no material do Ministério da Saúde aparece que a vacina vencida foi aplicada na unidade Hélio dos Anjos Ortiz, onde não estão sendo aplicadas as vacinas.
Fonte: ND+