SC tem 7 regiões em nível gravíssimo por causa da Covid-19; secretário de Saúde diz que não há omissão do Estado
redaçãobarrigaverde
O secretário de Estado de Saúde, André Motta Ribeiro, afirmou na manhã desta quinta-feira (16) que não omissão do Governo de Santa Catarina em relação ao avanço de coronavírus. São 47.976 casos confirmados e 569 mortes e a taxa de ocupação em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) está em 71,7%, mas há regiões onde a taxa é maior.
“Estamos num momento grave. Não é verdade que exista omissão do Estado, muito pelo contrário, somos apontados como melhor em enfrentamento pelo Covid”, disse o secretário em entrevista ao Bom Dia Santa Catarina.
Desde o fim de semana o número diário de casos e mortes tem chamado atenção, mas na quarta-feira (15) chegou ao pior registro, sendo 36 mortes confirmadas pelo governo em 24 horas.
Segundo ele, a reclamação que prefeitos têm feito são de cunho político e o Estado tem constantemente conversado com os municípios para alinhamento de ações com a regionalização de medidas para controle do coronavírus.
“É importante que exista esse compartilhamento principalmente porque cada região é diferente, o vírus impacta de forma diferente as regiões e ainda é importante esse compartilhamento porque a fiscalização das decisões é que faz a diferença. Estamos orientando, mapeando, notificando e à disposição para trazer segurança em saúde pública”, disse.
Segundo o secretário, os diálogos com os prefeitos tem surtido efeito, mas caso seja necessário, o Estado poderá tomar alguma “medida mais drástica”.
“É um momento grave da pandemia e estamos conversando todos os dias. O Estado está aberto á conversa, orientando, apontando o problema, mas a gente precisa de vontade dos dois lados”, afirmou o secretário, que fez um apelo à população para que se cuide tanto quanto em março, no início da pandemia, visto a gravidade do momento atual.
“Se as pessoas não entenderem que todos nós somos responsáveis por este enfrentamento, realmente vai ficar o quanto tanto complicado. É hora de fortalecermos as orientações e as questões de etiqueta sanitária, respiratória, afastamento, uso de máscara, é fundamental. Mas as pessoas precisam se despir dos interesses próprios para que a gente consiga trazer de fato uma discussão para o bem comum”, afirmou.
Em Santa Catarina o governo proibiu em decreto jogos do Campeonato Catarinense e eventos, mas alguns prefeitos procuraram adotar medidas mais rígidas visto o aumento de casos. Tubarão suspendeu o transporte coletivo e anunciou outras restrições e o prefeito criticou a atuação do Estado. De acordo com o secretário, a região de Tubarão, Araranguá e Criciúma, estão recebendo apoio do governo.
“Estamos há 40 dias discutindo compartilhamento de decisões porque cada região tem um impacto diferente do vírus. O Estado está fornecendo instrumentos para as decisões, estrutura para os leitos de terapia das cidades e estamos compartilhando todos os dias, notificando e orientando. Mais que isso, só se o Estado tiver um intervenção direta”, afirmou Motta.
Situação gravíssima
Na quarta-feira (15), o governo atualizou a ferramenta de gestão da saúde, que os municípios usam para a tomada de decisões regionalizadas e aumentou para sete o número de regiões catarinenses em situação gravíssima por causa do coronavírus. Este mapa leva em consideração o número de casos, mortes, taxa de isolamento e ocupação de leitos em hospitais.
Toda o Litoral catarinense, com exceção do Extremo Sul, está em cor vermelha, apontando para o nível mais grave de Covid-19 estão: região Carbonífera, Foz do Rio Itajaí, na Grande Florianópolis, Laguna, Médio Vale do Itajaí, parte do Litoral Norte, e ainda a região de Xanxerê, no Oeste catarinense.
Na semana passada era três regiões nessa situação: Xanxerê, Laguna e Foz do Rio Itajaí. O mapa estadual aponta ainda para sete regiões em situação grave e duas em alto risco. Essa ferramenta é atualizada semanalmente pela Secretaria de Estado da Saúde.
Novos leitos de UTI e situação dos hospitais
Santa Catarina está com 71,7% dos leitos públicos de UTI adultas ocupadas e há regiões onde a taxa de ocupação é maior, e já registrou lotação em algumas unidades de saúde, como Florianópolis, Balneário Camboriú,no Litoral Norte, Joinville, no Norte , Xanxerê, no Oeste, e também na região Sul catarinense.
“Algumas regiões do estado já ultrapassaram 80% [ocupação dos leitos] que é um número bastante preocupante e é por isso que nós estamos propondo para os municípios que aumentem o quantitativo de leitos. Obviamente, alguns hospitais precisam ativar, disponibilizar leitos cuja estrutura já foi colocada na suas unidades hospitalares”, disse Motta.
Alguns hospitais estão com dificuldades, por questões de pessoas ou de insumos, de colocar leitos de UTI em funcionamento, o que afeta na disponibilidade, segundo o secretário, que afirmou ainda que há hospitais não utilizando os leitos como deveriam.
“Para habilitar leito, os hospitais precisam tornar esse leito habilitado, ativo, com RH, insumos e equipamentos que nos fornecemos e solicita a habilitação ao Ministério da Saúde, que por sua vez, remete ao Estado uma parte do custeio.
Hoje temos 61 leitos no estado que apesar de habilitados, não estão disponíveis, e isso é uma conversa contínua com os hospitais. Infelizmente alguns hospitais habilitam leitos no sistema públicos e utilizam para outra clientela, é um problema que estamos tentando resolver”, afirmou.
Segundo o secretário, há 51 hospitais que estão mapeados para acréscimo de UTI, mas essas unidades de saúde precisam manifestar ao Estado que há condição de receber novos equipamentos.
“O estado faz contato diariamente com as unidades entendendo quais são as necessidades, olhando para o risco sanitário. Pretendemos disponibilizar equipamentos e continuar o planejamento com esses hospitais para que em breve tenhamos mais algumas dezenas de leitos à disposição”, disse Motta.
Apesar do aumento das taxas de ocupação, a Secretaria de Saúde tem divulgado, principalmente nas últimas semanas, entrega de equipamentos em hospitais de diferentes regiões, como no Oeste. O Estado tinha pouco mais de 800 leitos gerais de UTI no início da pandemia e o número quase dobrou, segundo o secretário.
Mas unidades enfrentam outros problemas também como quadro de pessoas, como o hospital de Xanxerê. Segundo o secretário, as unidades que cuidam da parte de insumos e de RH para colocar os leitos em funcionamento, mas o Estado tem procurado acompanhar a situação em todas as unidades.
“Isso é trabalho diário, estamos no Coes (Centro de Operações de Emergência em Saúde) há 121 dia fazendo este trabalho, de aproximação com os hospitais, fornecendo condições e entendendo onde precisamos de fato colocar serviços de saúde à disposição da sociedade”, explicou.
A atual taxa de ocupação pelo estado de 71,7% deve mudar, segundo o secretário, pois deve ser separado leitos de unidade de terapia adulto, infantil e neonatal.
“Leito terapia adulto é o leito mais demandado do momento. Vamos apenas separar os dados para que a população entenda que aquele adulto de 30, 40, 20 e poucos anos, que acha que é imune a doença, na verdade ele não é. Vamos separar os dados para que fique mais claro a ocupação de fato de leitos de terapia intensiva para adulto, e de outro lado, de pediatria e neonatologia”, explicou.
Segundo o secretário, houve um problema de logística e por isso algumas unidades estavam com problemas com falta de insumos. Ainda nesta quinta-feira devem chegar insumos para os hospitais.
“Hoje estamos recebendo um quantitativo bastante interessante de medicamentos para mantermos os pacientes sedados enquanto necessidade de ventilação mecânica, já estamos apoiando inclusive os hospitais filantrópicos. O estado de Santa Catarina já distribuiu medicamentos, porque os hospitais não tinham estoque, e hoje nós devemos distribuir um quantitativo”, afirmou.
Tratamento precoce e distribuição de ivermectina
Cidades de SC, como Itajaí, adotaram uso de Ivermectina para prevenção de Covid-19, mesmo sem comprovações cientificas. (Foto: Prefeitura de Itajaí/ Divulgação)
O secretário de Saúde falou também sobre a indicação de medicamentos contra a Covid-19 mesmo sem comprovação científica na entrevista ao Bom Dia Santa Catarina. Para ele, o Estado só vai instituir um protocolo se houver comprovações e aprovação pelas entidades responsáveis.
“A questão do tratamento precoce é muito controverso, algumas localidades instituíram protocolos. Protocolo a gente só pode organizar e propor com a chancela de órgãos reguladores, que não é o caso da ivermectina. De qualquer forma o estado de Santa Catarina defende a autonomia do médico e do paciente.. Toda a receita médica que vier propondo tratamento e for de responsabilidade do poder público, nós iremos distribuir medicamento, mas protocolos com órgãos reguladores chancelando esse tipo de ação”, defendeu o secretário de Saúde.
Ele ainda reforçou a necessidade de as pessoas procurarem atendimento médico logo que perceberem sintomas respiratórios que podem ser de Covid-19.
“Cada paciente é um paciente diferente, ele precisa ser entendido pelo seu médico e é isso que nós apelamos, que as pessoas que têm o sintomas da Covid-19 procure atendimento médico para que se defina a gravidade do estágio da doença para que se proponha o tratamento”, afirmou.