A pandemia de Covid-19 é o assunto predominante nos noticiários e até mesmo nas redes sociais e conversas entre familiares e amigos.
As diversas incertezas em torno do vírus e sobre o período de quarentena trazem um sentimento de insegurança para a população – o que pode resultar em problemas psicológicos como ansiedade e até mesmo depressão.
Segundo a psicóloga Renata Brasil Araujo, o período em que vivemos é de instabilidade e desconhecimento e o excesso de informações acaba gerando um quadro agravado de ansiedade.
Por isso, segundo a profissional, ainda que seja importante se manter informado, o acesso às notícias relacionadas à pandemia deve ser moderado. “O que se indica é que a pessoa eleja um canal de informações que ela confie mais e que assista esse canal e que não fique o tempo todo vendo coisas relacionadas ao mesmo assunto”, explica Renata.
A profissional acredita que há uma onda de estresse e ansiedade elevada neste momento e tem percebido que as áreas da saúde e financeira são as que mais causam maior preocupação. “Quando essas duas partes da vida são afetadas, a pessoa se sente muito vulnerável, então gera estresse e ansiedade”, ressalta.
“Ficamos nos perguntando se nós mesmos ou quem amamos pegaremos o vírus e quais serão as consequências, além de toda a rotina de higiene que teve de ser alterada. Já na questão profissional, muitas empresas e funcionários estão passando por um momento difícil no aspecto financeiro, o que também nos deixa ansiosos”, explica.
Rotina é o caminho
A psicóloga destaca que a retomada da rotina, mesmo em quarentena, é o ponto central para a sobrevivência da saúde mental. “É muito importante que, mesmo em casa, a execução de atividades cotidianas seja mantida: acorde no mesmo horário que faria se fosse sair para o trabalho; faça o mesmo número de refeições; vista a roupa que usaria se fosse sair.
E mais do que isso, inclua neste cronograma atividades que sejam prazerosas para você. Encare o fato de estar em casa como uma oportunidade de fazer atividades que faria se estivesse em férias: praticar jogos de tabuleiro, ler, ver séries, tomar um banho de banheira, assistir uma aula de dança, o que for da preferência de cada um”, indica Renata.
Outro fator importante apontado é manter contato com a família e amigos – ainda que virtualmente. “Hoje em dia através das chamadas de vídeos é possível fazer reuniões familiares e de amigos ou até mesmo fazer programas como um jantar juntos. Esse contato é muito importante para vencer esse período e poder dividir com quem se gosta como está se sentindo em relação a isso”, ressalta.
E como saber se a minha ansiedade passou a ser patológica? “Estamos passando pelo que chamamos de transtorno de adaptação, em que já temos um quadro de ansiedade ou mesmo de depressão decorrentes dessa quarentena.
Isso tende a passar a medida que passe esse quadro. O que temos que avaliar é que riscos estão associados aos sintomas apresentados”, explica. Deixar de se alimentar, fazer uso indevido de medicamentos e ter ataques de pânico, por exemplo, são alguns indícios de que é preciso procurar ajuda profissional.
“Ainda que o acesso esteja dificultado por conta da quarentena, muitos profissionais estão fazendo atendimentos online para atender estes casos, então é fundamental buscar auxílio sempre que necessário”, finaliza.
Fonte: Correio do Povo