O tema da redação do Enem 2020 é ‘O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira’. A informação foi divulgada pelo ministro Milton Ribeiro em suas redes sociais.
Os candidatos terão que fazer um texto dissertativo-argumentativo, apresentar opiniões e organizar a defesa de um ponto de vista.
As redações são avaliadas de acordo com cinco competências, segundo o Inep. A nota pode chegar a 1.000 pontos, mas há critérios que podem zerar a redação, como fuga ao tema, escrever menos de sete linhas, entre outros. Em 2019, o tema foi ‘Democratização do acesso ao cinema no Brasil’.
Análise de professores
Thiago Braga, professor de redação e autor do Sistema PH, o tema é atual e relevante.
“Entre 2015 e 2018, os casos de depressão relatados aumentaram 52% entre brasileiros de 15 a 29 anos. Isso me chamou a atenção e trabalhei o tema em sala”, afirma. “Isso indica que mais pessoas buscaram ajuda e que houve mais dispêndio de investimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas isso não diminuiu o estigma social. É neste ponto que o aluno deve tocar: a gente tem aumento de casos, mas a percepção do mercado de trabalho ainda é preconceituosa de muitas vezes demitir ou deixar a pessoa estigmatizada”, completa.
Professor Milton Costa, do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante:
“Tema importante, pertinente e dentro do padrão esperado para o Enem. Eles apresentam uma situação problema dentro da realidade brasileira. Neste caso, candidatos deveriam propor caminhos para vencer o estigma que persegue vários brasileiros que têm doença mental”, afirma.
“Surpreendeu também que o tema se insurja contra ações recentes do próprio MEC, que propõe uma volta à discriminação de crianças com essas deficiências, e que já havia sido experimentada no passado, e que felizmente foram rechaçadas na Justiça, ainda que com liminares”, afirma.
Enem da pandemia
As provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 começaram às 13h30 desde domingo (17). Elas serão aplicadas em 1.689 cidades, de acordo com números do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação (MEC), responsável pela prova.
O Enem 2020 estava previsto para ocorrer em novembro, mas foi adiado devido à pandemia e ocorre agora em meio ao pior momento de transmissão de casos.
Em 58 cidades, as provas não vão acontecer. As suspensões foram determinadas pela Justiça em todo o estado do Amazonas (56 cidades) e em duas cidades de Rondônia (Espigão D’Oeste e Rolim de Moura).
Dos 5.687.397 inscritos na versão impressa do Enem 2020, 159.338 deixam de fazer o exame no Amazonas, 2.863 em Rolim de Moura (RO) e 969 em Espigão D’Oeste (RO).
Veja perguntas e respostas sobre as questões judiciais que envolvem a realização do Enem 2020
O exame terá ainda a versão digital, nos dias 31 de janeiro e 7 de fevereiro. São esperados 96 mil candidatos para esta modalidade, que acontecerá pela primeira vez nesta edição.
Até as 20h deste sábado (16), treze estados registravam alta nas mortes: AL, AM, GO, MG, MT, PE, PI, RJ, RN, RR, SE, SP e TO. Eles somam 3,1 milhões de inscritos no exame (54,25% do total).
O Enem é considerado o maior vestibular do país, e a nota serve para disputar vagas em universidades e ter acesso a programas de bolsas (Prouni) ou financiamento de mensalidade (Fies). Candidatos ouvidos pelo G1 dizem estar pressionados entre o sonho de ter uma graduação e o risco de se contaminar.
A aplicação do Enem tem sido alvo de disputas judiciais, devido à pandemia. A prova, prevista originalmente para novembro de 2020, foi adiada para janeiro deste ano – mesmo após enquete com participantes indicar o mês de maio de 2021 como a opção mais votada pelos estudantes. Segundo o governo, a prova em maio atrasaria o cronograma de outros programas de ingresso no ensino superior.
Fonte: G1