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Por que homens tendem a resistir mais ao uso de máscara

Foto: Nick Bolton/Unplash

Durante a pandemia do novo coronavírus, o uso de máscara facial se tornou uma medida importante para reduzir o risco de transmissão do vírus em locais públicos.

Sua utilização tem sido declarada obrigatória em várias partes do país e pode passar a ser exigida em todo o território nacional, conforme um projeto de lei federal que aguarda sanção do presidente.

Apesar das recomendações, muita gente ainda se recusa a usar a máscara. A resistência pode estar ligada à desinformação quanto à eficácia da proteção e ao desconforto de ficar com o rosto parcialmente coberto.

Para além desses fatores, pesquisas têm apontado que questões de gênero também tem um papel no comportamento relativo à máscara.

Ainda que deixar de usá-la possa ser comum a mulheres e homens, eles teriam uma tendência maior de resistir ao uso da proteção.

Os resultados dos estudos

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Middlesex, no Reino Unido, e do Instituto de Pesquisa em Ciências Matemáticas, nos EUA, avaliou as diferenças de gênero entre mulheres e homens quanto à intenção de usar alguma cobertura no rosto para prevenir a disseminação do novo coronavírus.

O artigo foi divulgado em maio em versão preliminar (“preprint”, em inglês), e ainda aguarda avaliação dos pares, adotando um procedimento mais ágil de difusão de descobertas científicas que se tornou comum durante a pandemia.

Feito online, o experimento contou com 2.459 participantes residentes nos Estados Unidos, compondo uma amostra heterogênea e representativa da população de áreas urbanas, segundo os pesquisadores.

Os resultados mostraram que menos homens do que mulheres relatam ter intenção de usar máscara ou outro tipo de cobertura facial contra a disseminação do vírus — a diferença no comportamento dos dois gêneros diminui em lugares onde o uso de máscara é obrigatório.

Em parte, essa diferença se explica pelo fato de que, segundo a pesquisa, os homens acreditam menos na possibilidade de ser seriamente afetados pela covid-19 em comparação às mulheres.

Eles têm uma percepção subjetiva maior de que não serão pegos pela doença e que, caso aconteça, serão capazes de se recuperar facilmente. O estudo lembra que essa crença é irônica, dado que as estatísticas têm mostrado uma letalidade maior do vírus entre homens.

Também foram observadas diferenças de gênero nas emoções negativas associadas ao uso de cobertura facial que os participantes relataram.

Com maior frequência em relação a mulheres, homens concordaram com as afirmações de que o uso da máscara é vergonhoso, estigmatizante, não é legal e é um sinal de fraqueza. Essas emoções também estão relacionadas ao fato de que menos homens pretendem usar máscara.

Os autores do estudo sugerem que governos adotem ações especificamente voltadas para os homens com o objetivo de impactar seu comportamento quanto ao uso da máscara.

Os resultados vão ao encontro de descobertas de pesquisas anteriores, como a de que homens têm se engajado menos em comportamentos de prevenção durante a pandemia do novo coronavírus e que, em pandemias anteriores, como a da Sars (Síndrome respiratória aguda grave) e de H1N1, mulheres também tinham maior probabilidade do que homens de utilizar máscaras faciais.

Fonte: Nexo Jornal